THE DELAGOA BAY WORLD

12/05/2024

OS MOÇAMBICANOS CANTAM E DANÇAM NO WITWATERSRAND, ANOS 60

Imagens retocadas.

De longe, a maior descoberta de ouro feita na história da Humanidade foi a feita no Witwtersrand – mais ou menos onde fica Johannesburgo – 1886. A descoberta teve um enormíssimo impacto no mundo, incluindo em Moçambique. Para o Exmo. Leitor ter uma ideia básica do que estou a falar, se se juntar todo o ouro minado no mundo até hoje, desde a Idade da Pedra, cerca de um terço desse ouro veio das minas no Witwatersrand.

E uma parte significativa desse ouro foi recolhido pelos Magaíças de Moçambique, praticamente desde o início. De facto, a questão da mão-de-obra recurtada em Moçambique para as minas do Witwatersrand foi um assunto de Estado entre portugueses e ingleses durante décadas.

Nos anos 60, essa força de trabalho somava muitas dezenas de milhar de moçambicanos, recrutados no Sul de Moçambique, que, aos domingos, em zonas onde se podia cantar e dançar nos complexos mineiros, eles canatavam e dançavam a sua música tradicional. Foi, por essa altura, gravado o disco em baixo, com música tocadas por esses mineiros.

Capa do disco, o primeiro de dois gravados (mas não localizei o segundo).
Verso do Disco, 1 de 2. Menciona os Chopes e os Tswas.
Verso do Disco, 2 de 2. Menciona os Shanganas.

A POLANA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DOS ANOS 70

Imagem retocada.

A Polana, início da década de 1970.
A mesma imagem, que anotei, em que: 1- Hotel Cardoso; 2- Instituto de Investigação de qualquer coisa, na Rua dos Aviadores. Na rua chamávos àquilo Instituto dos Macacos, pois lá havia duas enormes jaulas com macacos; 3- Rua dos Aviadores (hoje da Argélia), nº264, onde cresci. É a única foto que conheço onde se vê o telhado de zinco da casa; 4- Museu Álvaro de Castro; 5- Casa Salm; 6- A Baixa da Cidade; 7- Liceu Salazar; 8- Terreno sem nada, em que uns anos depois de 75 se fez ali uma espécie de mercado tipo Xipamanine, que penso que ainda está lá; 9- Escola Comercial, novos edifícios.

10/05/2024

A FACHADA DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagem retocada e colorida.

A fachada da Câmara Municipal de Lourenço Marques, anos 70.

01/05/2024

O 5º ANIVERSÁRIO DA INAUGURAÇÃO DO SCALA EM LOURENÇO MARQUES, 1936

Imagens retocadas.

Anúncio do Scala de Lourenço Marques, cerca de 1936, na altura da celebração do 5º aniversário da sua inauguração. A sala foi inaugurada no dia 13 de Junho de 1931 e tinha uma capacidade de 1300 lugares, sendo os proprietários então a incontornável Delagoa Bay Investiment Company (que posteriormente vendeu o imóvel à sul-africana Kinekor Theatres uma subsidiária detida a 100% pelo Grupo Primedia, que creio que ainda hoje opera sob o nome Ster-Kinekor e tinha, entre 54 outros, um cinema no Eastgate Shopping Centre em Johannesburgo). Penso que o Scala depois passou para as mãos de um nacional moçambicano que deve estar a fazer o jogo de eventualmente demolir aquilo e vender o terreno a um turco e assim ganhar uma pipa de massa. Sobre o filme em cartaz, em inglês The Informer, que era excepcional, ver mais em baixo.
Bilhete do Cinema Scala, anos 70.

A Wikipédia descreve assim o filme The Informer (1935):

The Informer is a 1935 American drama thriller film directed and produced by John Ford, adapted by Dudley Nichols from the 1925 novel of the same title by Irish novelist Liam O’Flaherty. Set in 1922, the plot concerns the underside of the Irish War of Independence and centers on a disgraced Republican man, played by Victor McLaglen, who anonymously informs on his former comrades and spirals into guilt as his treachery becomes known. Heather Angel, Preston Foster, Margot Grahame, Wallace Ford, Una O’Connor and J. M. Kerrigan co-star. The novel had previously been adapted for a British film of the same name in 1929.

Along with Mutiny on the Bounty, The Informer was a big contender at the 8th Academy Awards, competing directly in all six categories they were nominated for (though Mutiny got eight nominations in total, given its three Best Actor nominations). The Informer won four Oscars: Best Director for Ford, Best Actor for McLaglen, Best Writing Screenplay for Nichols, and Best Score for Max Steiner.

In 2018, the film was selected for preservation in the United States National Film Registry by the Library of Congress as being “culturally, historically, or aesthetically significant”.

O filme tinha a particularidade de nela participar a actriz Margot Grahame, (1911-1982) que cresceu e começou a sua carreira artística em Pretória, na África do Sul.

Margot Grahame.

30/04/2024

OS ARTIFACTOS NA SÉ CATEDRAL DE LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

Parte do interior da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da capital de Moçambique (e de Portugal). Por detrás do altar-mor, está sepultado D. Teodósio Clemente de Gouveia, na altura Cardeal e Arcebispo de Lourenço Marques.
Artigo detalhando as obras de arte presentes na Sé Catedral, inaugurada em 14 de Agosto de 1944 (Dia da Assunção de Nossa Senhora, penso que ainda feriado nacional em Portugal), em plena II Guerra Mundial. O percurso, por exemplo, dos vitrais da ábside e das janelas posteriores, feitos na Holanda numa Europa ocupada pelos Nazis e trazida de barco para Lourenço Marques, foi quase alucinante.
A Sé Catedral não foi a primeira igreja em Lourenço Marques. A primeira foi a também chamada Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que se pode ver num postal de AW Bayly, também chamada Igreja Paroquial, edificada em meados da década de 1880 (mais ou menos a mesma altura em que foi edificada a Mesquita da Baixa) e que existiu onde hoje está a monumental sede do Rádio Clube de Moçambique (aka Rádio Moçambique). Foi demolida enquanto a Sé Catedral estava a ser construída. Gerações de habitantes da Cidade foram baptizados, casados e homenageados na morte nesse local, sendo os seus registos transferidos para a nova estrutura.

INAUGURAÇÃO DA TÊXTIL DE LOURENÇO MARQUES, SARL (TEXLOM), 1973

Filed under: Inauguração da Texlom SARL 1973 — ABM @ 22:42

Imagem retocada.

A fábrica da Têxtil de Lourenço Marques, SARL, começou a operar na Matola em Abril de 1973 e foi formalmente inaugurada no dia 28 de Maio desse ano, 47º aniversário do pronunciamento militar que derrubou a 1ª República (e que abriu caminho para a ditadura de partido único que governaria Portugal até Abril de 1974).

Com este projecto industrial, moderno mas algo tardio, que empregava mais que mil trabalhadores, pretendia-se substituir as importações e exportar bens produzidos, sendo que Moçambique produzia algodão em quantidade e qualidade e havia mercados quer dentro quer na região.

Bem ou mal, a empresa sobreviveu as vicissitudes do pós-independência, até fechar em 1997, tendo reaberto posteriormente.

A empresa foi constituída na Cidade do Porto em 25 de Novembro de 1966 e a construção da fábrica na Matola iniciou-se em 1971. O projecto foi financiado pelos accionistas em cerca de 80 mil contos e por um empréstimo do Banco Franco-Suez no montante de 270 mil contos.

Na altura, já operava em Moçambique a Textáfrica, outra grande fábrica de tecelagem.

Capulana da Texlom a assinalar a sua inauguração na Matola em 1973.

29/04/2024

O VARIETÁ, O CINEMA DICCA E O ESTÚDIO 222 EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagens retocadas.

O Dicca/Estúdio 222 foram construídos no mesmo terreno onde duante décadas esteve implantado o Teatro Varietá, que foi demolida cerca de 1967.

A fachada do Varietá na Rua Araújo, anos 60. À esquerda, uma viela que separava o cinema da então Universidade de Lourenço Marques, que passou a ser a Travessa do Varietá, em memória do venerando edifício. Também no lado esquerdo do Varietá funcionou durante alguns anos o Dancing Aquário, que com a demolição mudou de local.
O Dicca a Estúdio 222, cujas fachadas passaram para a Travessa do Varietá, ficando ainda um terreno livre na confrontação com a Rua Araújo, em mais um esquema imobiliário da altura que a Libertação deve ter estragado.
Bilhete de ingresso no Dicca, imagem de Rosália Manuel, retocada.
Bilhete de ingresso no Estúdio 222, imagem de Rosália Manuel, retocada.

21/04/2024

ANÚNCIO DO REFRIGERANTE TOMBAZANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

A Tombazana era um refrigerante vagamente parecido com a Vimto, comercializado pela Fábrica de Cervejas da Reunidas. O termo “tombazana” penso que se refere a uma mulher negra. Não faço ideia de onde veio a ideia de dar este nome a este refrigerante, que tenho a vaga ideia de em certa fase ter sido produzido numa fábrica no Xai-Xai. Era um dos meus favoritos.

Anúncio da Tombazana.

12/04/2024

A PRIMEIRA ESQUADRA DA POLÍCIA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1920

Imagens retocadas.

A fachada da Primeira Esquadra da polícia de Lourenço Marques, no final da então Rua Dom Luiz, depois chamada Consiglieri Pedroso, junto à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho, e que também já foi de Mouzinho de Albuquerque e, originalmente, da Picota).
A Primeira Esquadra à esquerda, meados da década de 1920, imagem da colecção de Santos Rufino. Naquela altura, a Rua Consiglieri Pedroso era a principal artéria comercial da Cidade. À direita, a delegação do BNU, demolida no início dos anos 60 juntamente com os edifícios em seguida até à Travessa das Laranjeiras, para construir a sua nova e monumental delegação, que em 1975 passou a sede do Banco de Moçambique.

04/04/2024

MADALENA IGLÉSIAS EM LOURENÇO MARQUES, 1964

Imagens retocadas e coloridas.

Madalena Lucília Iglésias do Vale de Oliveira Portugal (Lisboa, 24 de outubro de 1939 – Barcelona, 16 de janeiro de 2018), foi uma cantora portuguesa. Venceu o Festival RTP da Canção de 1966 com “Ele e Ela”. A par de Simone de Oliveira, tornou-se numa das vozes mais importantes do chamado nacional-cançonetismo que dominou em Portugal na década de 1960.

1 de 2. Bony, Corte, Madalena Iglésias, Eduardo Pereira, Renato Silva e Fausto, em Lourenço Marques, 1964. Eles eram membros da Banda Renato Silva, de origem goesa (que incluía Sita Fernandes como vocalista, mulher de Renato) e de Lourenço Marques, e que colaboraram no Teatro Manuel Rodrigues numa exibição da artista portuguesa.
2 de 2. Madalena Iglésias.

26/03/2024

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES INUNDADA, 5 DE FEVEREIRO DE 1907

Imagem de Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.

Inundação da Baixa de Lourenço Marques, 5 de Fevereiro de 1907. A Avenida Dom Carlos (depois da República e hoje a 25 de Setembro) na esquina entre o Scala e o Continental (que então não existiam). Atrás os Avenida Buildings. De todos os erros cometidos a construir a Cidade a partir da ilha original, este foi o maior: quando fizeram os aterros ligando a ilha à parte continental, o nível da Avenida ficou situado abaixo do nível da antiga ilha, sem nunca ter sido concebida uma forma de fazer escoar para a baía a água que ali se acumula e que escorre de toda a encosta desde o Alto Maé à parte central.

Uns meses depois de tirada esta fotografia, a Cidade receberia em apoteose o herdeiro da Coroa Portuguesa, D. Luis Filipe de Orléàns e Bragança. E em seguida os Irmãos Lazarus mudar-se-iam para abrir uma loja de fotografia em Lisboa, a Photographia Ingleza, onde faleceriam no princípio da década de 1940.

O FAROL DE COCKBURN EM LOURENÇO MARQUES

Imagem retocada e colorida.

O Farol de Cockburn, no meio da Baía do Espírito Santo em Lourenço Marques.

Cito (ligeiramente editado) o texto da obra Faróis de Moçambique, da autoria do António Sopa e Laura Chirinda:

O farol de Cockburn (designado, posteriormente, Farol dos Portugueses e Vasconcelos e Sá, em homenagem ao engenheiro português que finalmente o ergueu) encontrava-se situado no Baixo de Cockburn (Cockburn Shoals, nas cartas náuticas inglesas), e fazia parte do plano de balizagem e alumiamento da baía e porto de Lourenço Marques, elaborado por Augusto Cardoso, que previa ainda um sistema de bóias luminosas convenientemente dispostas no canal de acesso ao porto da Cidade.

A sua notoriedade deve-se ao facto de ali terem naufragado nove navios, entre 1894 e 1900, e às vicissitudes que rodearam a montagem do farol naquele perigoso local. Este resultou da iniciativa da Comissão de Melhoramentos do Porto de Lourenço Marques, criada em 17 de Dezembro de 1895, cujo primeiro e principal objectivo consistiu em promover a sua construção sobre o vértice norte daquele baixo. Das quatro propostas apresentadas para o fornecimento dos materiais e a montagem do farol, seria aceite a da casa francesa Schneider & Ge., De Creusot, que se propunha fabricar toda a infraestrutura, fornecimento da lanterna (casa Barbier & Bénard, de Paris) e montagem no local, pela quantia de £ 6.000.
A casa Schneider delegou os trabalhos de montagem aos engenheiros franceses L. Grunberg & Som. Léon, seus representantes em Johannesburgo, que fizeram quatro tentativas falhadas para a sua instalação, tendo depois pedido a rescisão do contrato. Seguiram-se depois mais duas tentativas, desta vez dos ingleses Bell & Wilson, regressados do porto de Melbourne (na Austrália), onde tinham feito a montagem dum outro farol com o mesmo material, também sem sucesso.
Foi no seguimento destas diversas tentativas, que foi convidado o tenente de engenharia josé Maria de Vasconcellos e Sá, na altura director interino das obras do porto de Lourenço Marques. A montagem do farol inicia-se em Abril de 1900 com o transporte do material e operários para aquele local, tendo a sua inauguração oficial ocorrido no dia 1 de Janeiro de 1901.

O farol foi destruído em Janeiro de 1966, pelos ventos da tempestade “Claude”.

(fim)

Vasconcellos e Sá publicaria um livro sobre este tópico:

VASCONCELLOS E SÁ, JOSÉ MARIA DE (1951) HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DO ANTIGO FAROL DE «COCKBURN». LISBOA: TIPOGRAFIA DA LIGA DOS COMBATENTES DA GRANDE GUERRA, 224PÁGS., ILUSTRADO.

25/02/2024

TEMPLO PRECÁRIO EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX

Filed under: Templo precário em LM 1900 — ABM @ 18:51

Imagem retocada e colorida por mim.

Templo precário em Lourenço Marques, início do Séc. XX.

13/02/2024

CENTRO RETRANSMISSOR DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE NA MATOLA, ANOS 60

Imagem retocada.

A fachada do Centro Retransmissor do Rádio Clube de Moçambique na Matola, anos 60. À volta, estavam as antenas de emissão em ondas médias e curtas.

O MAGAZINE LM EM LOURENÇO MARQUES, 1968

Imagens retocadas e coloridas.

Capa do Nº1 do Magazine LM, Julho de 1968, com uma foto de Baltazar Rebelo de Sousa, na altura um quase completo desconhecido que acabava de ser nomeado por Salazar Governador-Geral da Província.
Ficha técnica da revista – incluindo o “visado pela Censura”. Acho que o Carlos Alberto é o lendário fotógrafo mas ainda não consegui confirmar. O Jorge Rino também ainda não consegui apurar quem era.

12/02/2024

BARRABÁS E A DEMOLIÇÃO DO TEATRO VARIETÁ EM LOURENÇO MARQUES, 1967

Imagem retocada, da colecção de Suzana Abreu Barros, gentilmente cedida.

Esta história nem inventada.

No meu outro blogue, sobre desporto em Moçambique, num serão no passado fim de semana, tinha eu acabado de digitalizar um recorte de 21 de Abril de 1967 àcerca de umas provas de natação em Lourenço Marques, que faziam parte de um espesso maço emprestado pela nadadora Suzana Abreu (que o tinha recuperado há umas semanas dum caixote na sua arrecadação enquanto fazia umas limpezas).

Por mero acaso, virei o velho recorte (de há 57 anos), e, no verso reparei na foto que se vê em baixo, noticiando a demolição do então velho Teatro Varietá, na Rua Araújo (hoje de Bagamoyo).

O Varietá já meio demolido, Abril de 1967, foto tirada do edifício da Estatística ali ao lado. Já sem telhado, ainda se pode ver a parte da frente dos camarotes que ladeavam a sala e as paredes decoradas a Poente. Do lado direito, em frente à Rua Araújo, ficava a fachada frontal do edifício.

Até à sua demolição em meados de 1967, apesar da tenra idade (nasci em 1960), frequentei o venerando Teatro Varietá várias vezes. Na minha memória, era enorme, com uma decoração muito clássica, uma geografia esquisita (para ir ao quarto de banho perdia-me, por exemplo), muito escuro, mesmo quando tinha as luzes acesas, e no verão era um forno, pois não tinha ar-condicionado.

E lembro-me do último filme que ali assisti, por não ter percebido metade da história mas por ter ficado algo traumatizado pela sua considerável violência: o clássico Barrabás (em inglês, Barabbas, 1961, com Anthony Quinn). Na altura não percebi metade da história (ainda por cima o filme dura duas horas e um quarto) mas, para quem andou na catequese e prestou alguma atenção às matérias (que não era o meu caso), Barrabás era um pulha ladrão que por acaso vai dentro numa Jerusalém ocupada pelos romanos, precisamente na mesma altura que decorria a prisão e julgamento de Jesus Cristo. Basicamente ele é solto, enquanto Cristo é condenado, e depois, segue-se toda uma série de peripécias, retiradas não da Bíblia mas de uma novela redigida pelo escritor sueco Par Lagerkvist.

Enfim.

Nunca mais vi o filme, pois nos anos 60 levei com uma overdose de filmes épicos bíblicos que deu para duas vidas.

Entretanto o Varietá vai à vida em 1967 e é substituído pelo Dicca e o Estúdio 222. A seguir a Frelimo de braço no ar toma conta de Moçambique, eu saio de (ainda) Lourenço Marques, passam-se décadas de susto e depois das guerras e da re-distribuição do que havia e que havia antes sido nacionalizado, veio o empresário/político/artista Gilberto Mendes que, não sei bem como, ficou com aquilo e hoje está lá o que resta do Dicca que se chama Teatro Gilberto Mendes e que faz algum teatro (hoje só com a venda o terreno o Gilberto não tem que trabalhar outro dia na vida e penso que é o que vai acabar por acontecer). Enfim, digamos que é o progresso. Estas coisas acontecem.

Voltando à actualidade, depois de digitalizar a foto do recorte da Suzana em cima, fui para a cama, onde queria ver uns documentários no Youtube sobre as perpétuas peripécias do Trump, que são tantas que eu tenho que as seguir atentamente para não me perder. No computador portátil, ligo o Youtube, que me leva a uma página com os canais que costumo ver e com “sugestões”.

E o que é que me aparece na primera página? Um vídeo completo de “Barrabás”, o filme que eu vira no Varietá.

Totalmente inacreditável.

E que coloco aqui se o exmo. Leitor quiser ver.

03/02/2024

A TAP NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1970

Imagens retocadas.

A primeira linha aérea regular portuguesa foi a DETA em Moçambique, em meados da década de 1930, que servia o mercado local e a ligação com Johannesburgo. A TAP (“Transportes Aéreos Portugueses”) só iniciaria operações durante a II Guerra Mundial. Durante muitos anos, a ligação mais distante da TAP era Lourenço Marques. Só Goa, durante uns meses em 1961, era mais distante, mas acabou logo em Dezembro de 1961 quando aquela colónia foi tomada pela Índia.

O logotipo da TAP.
Anúncio de carga aérea da TAP, anos 60.
Um Boeing 707.
Um Boeing 747.
Recorte de jornal de Lourenço Marques, anunciando o início dos vôos entre Lisboa e Lourenço Marques e a Beira, 1972.
Cartão de embarque.
Hospedeira.
Anúncio da TAP.

07/01/2024

DESPEDIDA DO CHEFE DA CIRCUNSCRIÇÃO DO CHONGOENE, 1954

Imagem retocada e colorida.

Foto de grupo na ocasião da despedida do chefe da circunscrição do Chongoene, 1954. Em fardas de kakhi, os cipaios.

06/01/2024

A BOATE DO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

O interior da boate do Hotel Polana em Lourenço Marques, anos 60.

26/12/2023

O COMPLEXO SCALA EM LOURENÇO MARQUES, 1931

Imagem do Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, Maio de 1932, Pág. 27, retocado e colorido.

O Complexo Scala foi inaugurado em 1931.

22/12/2023

O LUNA PARQUE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

O Luna Parque à noite, em Lourenço Marques, anos 60. Era montado na Cidade uma vez por ano e era de frequência obrigatória, que mais não seja para ver durante o Passeio dos Tristes. Alojava-se sempre no terreno junto à Avenida da República (hoje 25 de Setembro) junto à Fazenda (hoje Gabinete do Primeiro-ministro). Ao fundo no meio do topo da imagem, a Capitania do Porto.

20/12/2023

A CÂMARA MUNICIPAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

A fachada sul da Câmara Municipal de Lourenço Marques, anos 60.

VITRAL DA SÉ CATEDRAL DE LOURENÇO MARQUES

Imagem de José Neves.

Um dos vitrais da Sé Catedral de Lourenço Marques, devotada a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da Cidade.

18/12/2023

AMÁLIA E ALBERTO RIBEIRO NO RESTAURANTE MIRAMAR EM LOURENÇO MARQUES, 1951

Imagens retocadas.

Conhecia vagamente o Restaurante Miramar e basicamente nunca fui lá salvo a compra de uma Coca-Cola ou uma chuinga da Chiclets. Mas era um dos locais conhecidos da Cidade. Penso que já não existe e praticamente a antiga zona pública junto à praia foi tomada por negócios, cortando ali a vista para o mar.

O Restaurante Miramar, na praia em frente ao Parque de Campismo de Lourenço Marques.
O Miramar atrás. Em primeiro plano, uma paragem de machimbombo.

No entanto, no que resta do local, há duas placas, uma, a referente à fadista portuguesa Amália Rodrigues, indicando a data em que o restaurante abriu: na noite de quinta-feira, dia 29 de Março de 1951.

E em que a diva do fado de Portugal actuou.

As placas no Miramar.

A Amália todos conhecem. Visitou Moçambique várias vezes e foi sempre bem recebida.

Mas quem era Alberto Ribeiro, cuja placa indica ter estado lá em 28 de Junho de 1951?

O sítio de A Voz de Ermesinde tinha isto a dizer sobre Alberto Ribeiro (editado por mim):

Alberto Dias Ribeiro nasceu em Ermesinde no dia 29 de fevereiro de 1920. Dono de uma excelente voz, que, desde muito novo, o catapultou como um autêntico ídolo, nas artes musicais e cénicas, notabilizou-se no teatro, cinema e televisão, gravando alguns discos de grande sucesso.

Actuou nas maiores casas de espectáculo de Portugal e do mundo, esgotando lotações e colhendo do público fortes aplausos. Foi um cantor de sucesso e, só não foi mais longe porque chegou a recusar muitos convites. Entre as canções interpretadas por Alberto Ribeiro há algumas que se consagraram como grandes êxitos, nomeadamente, “Coimbra”, “Adeus Lisboa”, “Carta do Expedicionário”, “Soldados de Portugal”, “Marianita”, “Serenata dos Olhos Verdes”, “O Porto é Assim”,“Senhora da Nazaré”, “Marco do Correio”, “Última Carta”, o “Fado Hilário” e “Eu Já Não Sei”.

Para ele foram feitas, especialmente, duas peças de Ópera, por um autor italiano, em que ele recusou tomar parte, pois não aceitou as propostas, considerando-as aberrantes.

Foi actor, cantor e cabeça de cartaz em muitos espetáculos. Entrou em vários filmes e atuou em muitas peças teatrais, especialmente em revista.

Um dos filmes em que ganhou grande popularidade foi o “Capas Negras” (1947), tendo contracenado com Amália Rodrigues. Outras películas em que participou foram: “Um Homem do Ribatejo” (1946), “Ladrão de Luva Branca” (1946), “Cantiga da Rua” (1950), “Rosa de Alfama” (1953), “O Homem do Dia” (1958), “Canção da Saudade” e “Manhã Submersa” (1980). Alberto Ribeiro foi, com António Vilar, um dos maiores galãs do cinema português do seu tempo.

Depois de deixar os palcos, partiu para o Brasil, onde terá vivido praticamente toda a década de 1950. Aí ter-se-á dedicado sobretudo à actividade comercial, no ramo imobiliário, o que lhe retirou tempo para continuar a dedicar-se ao labor artístico. O seu regresso definitivo a Portugal terá ocorrido já na década seguinte.

O seu regresso à Europa é acompanhado de grande sucesso. Para além de ter actuado em diversos palcos de Portugal, fez digressões por vários países europeus, regressando a Portugal, precisamente quando se iniciavam as filmagens do filme «Canção da Saudade», de acentuadas características musicais, onde toma parte como o mais representativo cantor. Essa película é uma co-produção com Espanha, tendo Alberto Ribeiro interpretado o «Fado Hilário», e na versão espanhola aparece a cantar o fado «Coimbra».

Alberto Ribeiro tinha casa em Lisboa, cidade onde também vivia uma sua irmã.

Faleceu no Porto, em Maio de 2002, com 82 anos.

14/12/2023

A MORTE DO ANTIGO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES

Imagem retocada e colorida. Post dedicado à grande nadadora do Desportivo, Dulce Gouveia, que ontem celebrou o seu 71º aniversário em Cascais e cujo Pai, o eng. Tomás Gouveia, gratuitamente, desenhou e dirigiu a construção, na década de 1950, do campo de basquet situado à direita de quem entra no Desportivo.

No meu blog “desportivo” The Delagoa Company, ontem, referi a publicação de um aviso judicial, há cerca de duas semanas, no Notícias de Maputo, indicando a falência do Grupo Desportivo de Maputo e a previsão da execução do seu património pelo Banco Comercial e Investimentos, SA (cujos accionistas são um instrumento da CGD e do BPI e terceiros da Insitec que nunca percebi quem são) e posterior venda, para ressarcir os seus credores.

O símbolo do Grupo Desportivo Lourenço Marques, 1921-1975.

A agonia final do Clube, fundado em 1921 com o nome do putativo e de outro modo anónimo navegador que andou por aquela zona há quinhentos anos, já era previsível nos últimos anos, por absoluta incompetência, incúria e quiçá má fé dos seus subsequentes dirigentes (um deles o advogado Michel Grispos, que discretamente vendeu o estádio de futebol do clube há menos que dez anos), uma massa associativa que obviamente estava a assobiar para o lado, e a contaminação do seu espaço com terceiros que ali fizeram um salão de festas/discoteca tipo Bollywood em Cuecas e tornaram a histórica piscina, inaugurada em 1949, num tanque para lavar os pés aos fins de semana. No fim, aposto cem Meticais que por detrás disto tudo estão interesses imobiliários, empresários “de sucesso” com rios de dinheiro cuja proveniência só eles e Deus sabem, que ali farão milhões com algum empreendimento imobiliário apetitoso.

Para criar mais uns ricos. Mais uns Florindos, que tanta falta fazem a Moçambique e aos moçambcanos.

Não descansaram enquanto não deram cabo daquilo e deliberadamente chuparam, a crédito e a prestações, pelos vistos, o valor e os recursos criados com muito sacrifício nas décadas de 1940 e 1950. Que o BCI, um banco detido maioritariamente por dois bancos com sede em Lisboa – um já é hespanhol – e supostamente com algumas credenciais lá na Praça (bem, mais ou menos) se predispusesse para fazer este frete, sabendo perfeitamente que a seguir iria ter que executar o clube para recuperar o que emprestou, é de bradar aos céus. Mas depois vem, como os outros bancos, carpir para a rua e encher as páginas dos pasquins àcerca da sua elevada responsabilidade social e da sua moçambicanidade. Pois.

E lá vão cem anos de tradição que era boa e sã tradição, ao ar. A não ser que se recorra à velha e desgastada cassette de que tudo o que foi feito antes de 1975 era para destruir.

Eu costumo pensar, e agora se torna verdadeiro, por exclusão de partes, que o Desportivo, que era os seus sócios e os seus descendentes, que fizeram o Clube, reside em Portugal e os seus membros almoçam juntos uma vez por ano na Linha do Estoril. Eu apenas guardo umas boas memórias e umas fotografias, só para lembrar como era.

O que ficou em Maputo era apenas um sítio, e pelos vistos muito mal frequentado.

Bom proveito para todos.

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