De longe, a maior descoberta de ouro feita na história da Humanidade foi a feita no Witwtersrand – mais ou menos onde fica Johannesburgo – 1886. A descoberta teve um enormíssimo impacto no mundo, incluindo em Moçambique. Para o Exmo. Leitor ter uma ideia básica do que estou a falar, se se juntar todo o ouro minado no mundo até hoje, desde a Idade da Pedra, cerca de um terço desse ouro veio das minas no Witwatersrand.
E uma parte significativa desse ouro foi recolhido pelos Magaíças de Moçambique, praticamente desde o início. De facto, a questão da mão-de-obra recurtada em Moçambique para as minas do Witwatersrand foi um assunto de Estado entre portugueses e ingleses durante décadas.
Nos anos 60, essa força de trabalho somava muitas dezenas de milhar de moçambicanos, recrutados no Sul de Moçambique, que, aos domingos, em zonas onde se podia cantar e dançar nos complexos mineiros, eles canatavam e dançavam a sua música tradicional. Foi, por essa altura, gravado o disco em baixo, com música tocadas por esses mineiros.
A Wikipédia descreve assim o filme The Informer (1935):
The Informer is a 1935 American drama thriller film directed and produced by John Ford, adapted by Dudley Nichols from the 1925 novel of the same title by Irish novelist Liam O’Flaherty. Set in 1922, the plot concerns the underside of the Irish War of Independence and centers on a disgraced Republican man, played by Victor McLaglen, who anonymously informs on his former comrades and spirals into guilt as his treachery becomes known. Heather Angel, Preston Foster, Margot Grahame, Wallace Ford, Una O’Connor and J. M. Kerrigan co-star. The novel had previously been adapted for a British film of the same name in 1929.
Along with Mutiny on the Bounty, The Informer was a big contender at the 8th Academy Awards, competing directly in all six categories they were nominated for (though Mutiny got eight nominations in total, given its three Best Actor nominations). The Informer won four Oscars: Best Director for Ford, Best Actor for McLaglen, Best Writing Screenplay for Nichols, and Best Score for Max Steiner.
In 2018, the film was selected for preservation in the United States National Film Registry by the Library of Congress as being “culturally, historically, or aesthetically significant”.
O filme tinha a particularidade de nela participar a actriz Margot Grahame, (1911-1982) que cresceu e começou a sua carreira artística em Pretória, na África do Sul.
A fábrica da Têxtil de Lourenço Marques, SARL, começou a operar na Matola em Abril de 1973 e foi formalmente inaugurada no dia 28 de Maio desse ano, 47º aniversário do pronunciamento militar que derrubou a 1ª República (e que abriu caminho para a ditadura de partido único que governaria Portugal até Abril de 1974).
Com este projecto industrial, moderno mas algo tardio, que empregava mais que mil trabalhadores, pretendia-se substituir as importações e exportar bens produzidos, sendo que Moçambique produzia algodão em quantidade e qualidade e havia mercados quer dentro quer na região.
Bem ou mal, a empresa sobreviveu as vicissitudes do pós-independência, até fechar em 1997, tendo reaberto posteriormente.
A empresa foi constituída na Cidade do Porto em 25 de Novembro de 1966 e a construção da fábrica na Matola iniciou-se em 1971. O projecto foi financiado pelos accionistas em cerca de 80 mil contos e por um empréstimo do Banco Franco-Suez no montante de 270 mil contos.
Na altura, já operava em Moçambique a Textáfrica, outra grande fábrica de tecelagem.
A Tombazana era um refrigerante vagamente parecido com a Vimto, comercializado pela Fábrica de Cervejas da Reunidas. O termo “tombazana” penso que se refere a uma mulher negra. Não faço ideia de onde veio a ideia de dar este nome a este refrigerante, que tenho a vaga ideia de em certa fase ter sido produzido numa fábrica no Xai-Xai. Era um dos meus favoritos.
Madalena Lucília Iglésias do Vale de Oliveira Portugal (Lisboa, 24 de outubro de 1939 – Barcelona, 16 de janeiro de 2018), foi uma cantora portuguesa. Venceu o Festival RTP da Canção de 1966 com “Ele e Ela”. A par de Simone de Oliveira, tornou-se numa das vozes mais importantes do chamado nacional-cançonetismo que dominou em Portugal na década de 1960.
Imagem de Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.
Uns meses depois de tirada esta fotografia, a Cidade receberia em apoteose o herdeiro da Coroa Portuguesa, D. Luis Filipe de Orléàns e Bragança. E em seguida os Irmãos Lazarus mudar-se-iam para abrir uma loja de fotografia em Lisboa, a Photographia Ingleza, onde faleceriam no princípio da década de 1940.
Cito (ligeiramente editado) o texto da obra Faróis de Moçambique, da autoria do António Sopa e Laura Chirinda:
O farol de Cockburn (designado, posteriormente, Farol dos Portugueses e Vasconcelos e Sá, em homenagem ao engenheiro português que finalmente o ergueu) encontrava-se situado no Baixo de Cockburn (Cockburn Shoals, nas cartas náuticas inglesas), e fazia parte do plano de balizagem e alumiamento da baía e porto de Lourenço Marques, elaborado por Augusto Cardoso, que previa ainda um sistema de bóias luminosas convenientemente dispostas no canal de acesso ao porto da Cidade.
A sua notoriedade deve-se ao facto de ali terem naufragado nove navios, entre 1894 e 1900, e às vicissitudes que rodearam a montagem do farol naquele perigoso local. Este resultou da iniciativa da Comissão de Melhoramentos do Porto de Lourenço Marques, criada em 17 de Dezembro de 1895, cujo primeiro e principal objectivo consistiu em promover a sua construção sobre o vértice norte daquele baixo. Das quatro propostas apresentadas para o fornecimento dos materiais e a montagem do farol, seria aceite a da casa francesa Schneider & Ge., De Creusot, que se propunha fabricar toda a infraestrutura, fornecimento da lanterna (casa Barbier & Bénard, de Paris) e montagem no local, pela quantia de £ 6.000. A casa Schneider delegou os trabalhos de montagem aos engenheiros franceses L. Grunberg & Som. Léon, seus representantes em Johannesburgo, que fizeram quatro tentativas falhadas para a sua instalação, tendo depois pedido a rescisão do contrato. Seguiram-se depois mais duas tentativas, desta vez dos ingleses Bell & Wilson, regressados do porto de Melbourne (na Austrália), onde tinham feito a montagem dum outro farol com o mesmo material, também sem sucesso. Foi no seguimento destas diversas tentativas, que foi convidado o tenente de engenharia josé Maria de Vasconcellos e Sá, na altura director interino das obras do porto de Lourenço Marques. A montagem do farol inicia-se em Abril de 1900 com o transporte do material e operários para aquele local, tendo a sua inauguração oficial ocorrido no dia 1 de Janeiro de 1901.
O farol foi destruído em Janeiro de 1966, pelos ventos da tempestade “Claude”.
VASCONCELLOS E SÁ, JOSÉ MARIA DE (1951) HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DO ANTIGO FAROL DE «COCKBURN». LISBOA: TIPOGRAFIA DA LIGA DOS COMBATENTES DA GRANDE GUERRA, 224PÁGS., ILUSTRADO.
Por mero acaso, virei o velho recorte (de há 57 anos), e, no verso reparei na foto que se vê em baixo, noticiando a demolição do então velho Teatro Varietá, na Rua Araújo (hoje de Bagamoyo).
Até à sua demolição em meados de 1967, apesar da tenra idade (nasci em 1960), frequentei o venerando Teatro Varietá várias vezes. Na minha memória, era enorme, com uma decoração muito clássica, uma geografia esquisita (para ir ao quarto de banho perdia-me, por exemplo), muito escuro, mesmo quando tinha as luzes acesas, e no verão era um forno, pois não tinha ar-condicionado.
E lembro-me do último filme que ali assisti, por não ter percebido metade da história mas por ter ficado algo traumatizado pela sua considerável violência: o clássico Barrabás (em inglês, Barabbas, 1961, com Anthony Quinn). Na altura não percebi metade da história (ainda por cima o filme dura duas horas e um quarto) mas, para quem andou na catequese e prestou alguma atenção às matérias (que não era o meu caso), Barrabás era um pulha ladrão que por acaso vai dentro numa Jerusalém ocupada pelos romanos, precisamente na mesma altura que decorria a prisão e julgamento de Jesus Cristo. Basicamente ele é solto, enquanto Cristo é condenado, e depois, segue-se toda uma série de peripécias, retiradas não da Bíblia mas de uma novela redigida pelo escritor sueco Par Lagerkvist.
Enfim.
Nunca mais vi o filme, pois nos anos 60 levei com uma overdose de filmes épicos bíblicos que deu para duas vidas.
Entretanto o Varietá vai à vida em 1967 e é substituído pelo Dicca e o Estúdio 222. A seguir a Frelimo de braço no ar toma conta de Moçambique, eu saio de (ainda) Lourenço Marques, passam-se décadas de susto e depois das guerras e da re-distribuição do que havia e que havia antes sido nacionalizado, veio o empresário/político/artista Gilberto Mendes que, não sei bem como, ficou com aquilo e hoje está lá o que resta do Dicca que se chama Teatro Gilberto Mendes e que faz algum teatro (hoje só com a venda o terreno o Gilberto não tem que trabalhar outro dia na vida e penso que é o que vai acabar por acontecer). Enfim, digamos que é o progresso. Estas coisas acontecem.
Voltando à actualidade, depois de digitalizar a foto do recorte da Suzana em cima, fui para a cama, onde queria ver uns documentários no Youtube sobre as perpétuas peripécias do Trump, que são tantas que eu tenho que as seguir atentamente para não me perder. No computador portátil, ligo o Youtube, que me leva a uma página com os canais que costumo ver e com “sugestões”.
E o que é que me aparece na primera página? Um vídeo completo de “Barrabás”, o filme que eu vira no Varietá.
A primeira linha aérea regular portuguesa foi a DETA em Moçambique, em meados da década de 1930, que servia o mercado local e a ligação com Johannesburgo. A TAP (“Transportes Aéreos Portugueses”) só iniciaria operações durante a II Guerra Mundial. Durante muitos anos, a ligação mais distante da TAP era Lourenço Marques. Só Goa, durante uns meses em 1961, era mais distante, mas acabou logo em Dezembro de 1961 quando aquela colónia foi tomada pela Índia.
Conhecia vagamente o Restaurante Miramar e basicamente nunca fui lá salvo a compra de uma Coca-Cola ou uma chuinga da Chiclets. Mas era um dos locais conhecidos da Cidade. Penso que já não existe e praticamente a antiga zona pública junto à praia foi tomada por negócios, cortando ali a vista para o mar.
No entanto, no que resta do local, há duas placas, uma, a referente à fadista portuguesa Amália Rodrigues, indicando a data em que o restaurante abriu: na noite de quinta-feira, dia 29 de Março de 1951.
E em que a diva do fado de Portugal actuou.
A Amália todos conhecem. Visitou Moçambique várias vezes e foi sempre bem recebida.
Mas quem era Alberto Ribeiro, cuja placa indica ter estado lá em 28 de Junho de 1951?
O sítio de A Voz de Ermesinde tinha isto a dizer sobre Alberto Ribeiro (editado por mim):
Alberto Dias Ribeiro nasceu em Ermesinde no dia 29 de fevereiro de 1920. Dono de uma excelente voz, que, desde muito novo, o catapultou como um autêntico ídolo, nas artes musicais e cénicas, notabilizou-se no teatro, cinema e televisão, gravando alguns discos de grande sucesso.
Actuou nas maiores casas de espectáculo de Portugal e do mundo, esgotando lotações e colhendo do público fortes aplausos. Foi um cantor de sucesso e, só não foi mais longe porque chegou a recusar muitos convites. Entre as canções interpretadas por Alberto Ribeiro há algumas que se consagraram como grandes êxitos, nomeadamente, “Coimbra”, “Adeus Lisboa”, “Carta do Expedicionário”, “Soldados de Portugal”, “Marianita”, “Serenata dos Olhos Verdes”, “O Porto é Assim”,“Senhora da Nazaré”, “Marco do Correio”, “Última Carta”, o “Fado Hilário” e “Eu Já Não Sei”.
Para ele foram feitas, especialmente, duas peças de Ópera, por um autor italiano, em que ele recusou tomar parte, pois não aceitou as propostas, considerando-as aberrantes.
Foi actor, cantor e cabeça de cartaz em muitos espetáculos. Entrou em vários filmes e atuou em muitas peças teatrais, especialmente em revista.
Um dos filmes em que ganhou grande popularidade foi o “Capas Negras” (1947), tendo contracenado com Amália Rodrigues. Outras películas em que participou foram: “Um Homem do Ribatejo” (1946), “Ladrão de Luva Branca” (1946), “Cantiga da Rua” (1950), “Rosa de Alfama” (1953), “O Homem do Dia” (1958), “Canção da Saudade” e “Manhã Submersa” (1980). Alberto Ribeiro foi, com António Vilar, um dos maiores galãs do cinema português do seu tempo.
Depois de deixar os palcos, partiu para o Brasil, onde terá vivido praticamente toda a década de 1950. Aí ter-se-á dedicado sobretudo à actividade comercial, no ramo imobiliário, o que lhe retirou tempo para continuar a dedicar-se ao labor artístico. O seu regresso definitivo a Portugal terá ocorrido já na década seguinte.
O seu regresso à Europa é acompanhado de grande sucesso. Para além de ter actuado em diversos palcos de Portugal, fez digressões por vários países europeus, regressando a Portugal, precisamente quando se iniciavam as filmagens do filme «Canção da Saudade», de acentuadas características musicais, onde toma parte como o mais representativo cantor. Essa película é uma co-produção com Espanha, tendo Alberto Ribeiro interpretado o «Fado Hilário», e na versão espanhola aparece a cantar o fado «Coimbra».
Alberto Ribeiro tinha casa em Lisboa, cidade onde também vivia uma sua irmã.
Imagem retocada e colorida. Post dedicado à grande nadadora do Desportivo, Dulce Gouveia, que ontem celebrou o seu 71º aniversário em Cascais e cujo Pai, o eng. Tomás Gouveia, gratuitamente, desenhou e dirigiu a construção, na década de 1950, do campo de basquet situado à direita de quem entra no Desportivo.
No meu blog “desportivo” The Delagoa Company, ontem, referi a publicação de um aviso judicial, há cerca de duas semanas, no Notícias de Maputo, indicando a falência do Grupo Desportivo de Maputo e a previsão da execução do seu património pelo Banco Comercial e Investimentos, SA (cujos accionistas são um instrumento da CGD e do BPI e terceiros da Insitec que nunca percebi quem são) e posterior venda, para ressarcir os seus credores.
A agonia final do Clube, fundado em 1921 com o nome do putativo e de outro modo anónimo navegador que andou por aquela zona há quinhentos anos, já era previsível nos últimos anos, por absoluta incompetência, incúria e quiçá má fé dos seus subsequentes dirigentes (um deles o advogado Michel Grispos, que discretamente vendeu o estádio de futebol do clube há menos que dez anos), uma massa associativa que obviamente estava a assobiar para o lado, e a contaminação do seu espaço com terceiros que ali fizeram um salão de festas/discoteca tipo Bollywood em Cuecas e tornaram a histórica piscina, inaugurada em 1949, num tanque para lavar os pés aos fins de semana. No fim, aposto cem Meticais que por detrás disto tudo estão interesses imobiliários, empresários “de sucesso” com rios de dinheiro cuja proveniência só eles e Deus sabem, que ali farão milhões com algum empreendimento imobiliário apetitoso.
Para criar mais uns ricos. Mais uns Florindos, que tanta falta fazem a Moçambique e aos moçambcanos.
Não descansaram enquanto não deram cabo daquilo e deliberadamente chuparam, a crédito e a prestações, pelos vistos, o valor e os recursos criados com muito sacrifício nas décadas de 1940 e 1950. Que o BCI, um banco detido maioritariamente por dois bancos com sede em Lisboa – um já é hespanhol – e supostamente com algumas credenciais lá na Praça (bem, mais ou menos) se predispusesse para fazer este frete, sabendo perfeitamente que a seguir iria ter que executar o clube para recuperar o que emprestou, é de bradar aos céus. Mas depois vem, como os outros bancos, carpir para a rua e encher as páginas dos pasquins àcerca da sua elevada responsabilidade social e da sua moçambicanidade. Pois.
E lá vão cem anos de tradição que era boa e sã tradição, ao ar. A não ser que se recorra à velha e desgastada cassette de que tudo o que foi feito antes de 1975 era para destruir.
Eu costumo pensar, e agora se torna verdadeiro, por exclusão de partes, que o Desportivo, que era os seus sócios e os seus descendentes, que fizeram o Clube, reside em Portugal e os seus membros almoçam juntos uma vez por ano na Linha do Estoril. Eu apenas guardo umas boas memórias e umas fotografias, só para lembrar como era.
O que ficou em Maputo era apenas um sítio, e pelos vistos muito mal frequentado.