THE DELAGOA BAY WORLD

10/04/2021

O BANCO COMERCIAL DE ANGOLA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagem de José Alexandre Russel, retocada.

Após uma presença de alguns anos em Lourenço Marques, o Barclays DCO vendeu o seu negócio ao nascente e agressivo Banco Comercial de Angola, que assim começou a operar em Moçambique. Foi nacionalizado após a independência. Muitos anos mais tarde, era um balcão do Banco Comercial de Moçambique, e depois da sua fusão em 2001, do Millennium BIM. Antes disto tudo, no início do Século, na parte Sul deste terreno, em frente à Fortaleza, estava implantado o Bank of Africa.

Na esquina da Rua Joaquim da Lapa e a Travessa da Maxaquene, vê-se ao cimo do lado direito o símbolo do BCA, enquanto que na parede em baixo ainda se pode ver a enorme águia, o símbolo do Barclays. Do outro lado da rua, à direita o edifício do John Orr’s e do outro lado da rua na esquina o Prédio Cardiga. Em primeiro plano do lado esquerdo, a “parte de trás” do Prédio Fonte Azul. Ao fundo, a Avenida da República (hoje 25 de Setembro).

15/03/2021

UMA HISTÓRIA DO STANDARD BANK EM MOÇAMBIQUE

Imagens retocadas.

Com uma modéstia quase inexplicável, o actual sítio do actual Standard Bank de Moçambique na internet dizia isto no dia 14 de Março de 2021, e apenas isto, sobre o seu longo historial em Moçambique:

“O Standard Bank SARL (“SBM”) tem um vasto historial e é considerado um dos líderes locais do mercado. Já desenvolve actividades em Moçambique há 121 anos.”

Bem, a presença do Standard Bank na então colónia portuguesa ocorreu em Outubro de 1892. Portanto, fazendo umas contas de somar, isso foi há 129 anos.

O que o torna no banco mais antigo ainda a operar em Moçambique, cujo percurso é nada menos que fascinante.

A verdade é que a presença de bancos sul-africanos ocorreu pela primeira vez na década de 1890, quando os portugueses – os “colonos tesos” da Europa se os houveram- “vieram” ocupar a sua atribulada e algo rebelde colónia situada na costa oriental de África, cujos contornos acabavam de ser definidos, essencialmente por imposição britânica.  O Bank of Africa (um belo edifício que esteve mesmo ao lado da velha fortaleza na Baixa de Lourenço Marques) adquirido em 1912 pelo National Bank of South Africa), o National Bank (adquirido pelo Barclays em 1925, formando o Barclays DCO, que operou em Lourenço Marques até ser adquirido pelo Banco Comercial de Angola nos anos 60) e o Standard Bank, todos  abriram sucursais em Moçambique. Nessas primeiras décadas, de facto, o capital predominante na economia de Moçambique era quase todo de origem sul-africana e anglo-americana.

Nas vizinhas colónias britânicas, nomeadamente nas que deram origem ao que hoje é a África do Sul, a história é bem diferente. O Reino Unido era na segunda metade do Século XIX a maior e mais rica potência do mundo. Ademais, o Cabo era um grande centro de negócios e as sucessivas descobertas de Diamantes e ouro e consequente migração de centenas de milhares de cidadãos britânicos ajudaram a criar um clima de crescimento económico e financeiro sem paralelo em toda a África. Havia muito dinheiro para investir na zona da Pax Britannica.

Em 15 de Outubro de 1862, um pequeno conjunto de investidores criou, em Port Elizabeth, o Standard Bank of British South Africa – a génese do que se tornou o Standard Bank. Cedo abriram balcões pela região.

Um documento do Standard Bank British, 1865.

Em 1883 deixou cair o “British” do nome da instituição e dois anos depois peticionou para poder operar fora da zona britânica. Nos trinta anos que se seguiram, o Banco manteve uma forte base na África do Sul mas expandiu a sua actividade para o resto de África, principalmente para a África anglófona:

Parte da rede de balcões do Standard Bank em 1926, na África do Sul e África anglófona. As excepções eram os dois balcões em Moçambique (Beira e Lourenço Marques) e o balcão em Elisabethville, no Congo Belga.

Enquanto isso, para todos os efeitos, até quase aos anos 50, Moçambique foi uma espécie de “colónia alugada” aos grandes interesses e capitais anglo-saxónicos, via os negócios e as companhias majestáticas.

No caso do Standard Bank, abriu a sua primeira agência na nascente Povoação da Beira em 1891, num edifício alugado, praticamente coincidindo com a fundação daquela então pindérica e pestilenta urbe, edificada pelos britânicos para ser a Lourenço Marques da Rodésia do Sul, ou seja, o porto de mar e ligação ferroviária com a colónia britânica a Oeste (e mais tarde a Niassalândia). Em 1894 abriu uma sucursal em Lourenço Marques, em Junho de 1902 um terceiro balcão em Macequece (que fechou um ano depois) e um quarto balcão em Vila Fontes em 1912 (que fechou três anos depois).

A primeira sucursal da Beira – e de Moçambique – em 1910. O terreno, no centro da Beira, foi adquirido em 1901 e o espaço inaugurado no ano seguinte. Antes disso, o Banco operava em instalações alugadas.

Um documento do Standard Bank da Beira, Agosto de 1907, mais ou menos na mesma data em que a Beira foi elevada ao estatuto de Cidade pelo Príncipe Real Dom Luiz Filipe (Príncipe da Beira, título que deu o nome à Cidade) que pessoalmente a visitou.

No caso de Lourenço Marques, em 1903, as instalações mudaram-se para o centro de tudo então: a Rua Araújo. Em Dezembro de 1902 o Standard Bank adquiriu o talhão nº 74 que até então pertencia a um tal F. de la Cerda e ali edificou a sua delegação, a pouco mais que cem metros de distância da estação ferroviária que ligava Lourenço Marques a Pretória e a Joanesburgo. Ali ficaria até 1930.

O Standard Bank Lourenço Marques. Imagem dos arquivos do Standard Bank.

A delegação do Standard Bank na Rua Araújo, à esquerda, com a varanda.

Em Agosto de 1930, o Banco concluiu e inaugurou as suas novas e icónicas instalações junto à Praça 7 de Março.

A sucursal do Standard Bank estrategicamente posicionada no centro de Lourenço Marques, 1950. A– Praça 7 de Março; B– Rua Consiglieri Pedroso; C– A primeira casa feita de alvernaria na Cidade (cerca de 1860), agora a Casa Amarela; D– A sucursal do Banco Nacional Ultramarino; E– Avenida da República; F– A Casa Coimbra, a primeira Department Store em Moçambique; e G– a sucursal do Standard Bank.

A delegação do Standard Bank em Lourenço Marques, inaugurada em Agosto de 1930. Imagem baseada num desenho de Dana Micahelles, do final dos anos 60, quando o banco se designava BSTM. Aqui uma irmã minha, a Manuela, trabalhou pela primeira vez.

Após a II Guerra Mundial, em Moçambique permaneciam o Barclays Bank DCO (Dominion, Colonies and Overseas) em Lourenço Marques e o Standard Bank em Lourenço Marques e na Beira.

Um cheque do Barclays DCO de Lourenço Marques.

Em meados dos anos 60, a economia moçambicana estava no rubro – era o “milagre colonial”- e as necessidades de capital e financiamentos para a economia eram mais do que necessários.

Cheque do Standard Bank.

Novos bancos surgiram então: o Banco de Crédito, Comercial e Industrial (BCCI) em 1965, o Banco Pinto e Sotto Mayor (BPSM) em 1966 e o Instituto de Crédito de Moçambique (ICM) em 1969. O BCCI era uma subsidiária do Banco Borges & Irmão, o BPSM pertencia ao Grupo Champalimaud. O ICM era um banco estatal, semelhante à Caixa Geral dos Depósitos. Abriu ainda em Moçambique o Banco Comercial de Angola (BCA), subsidiária do banco sediado em Luanda, o Montepio de Moçambique. Em 1960, o Banco de Fomento Nacional abriu uma sucursal em Lourenço Marques.

A Génese do Banco Standard Totta de Moçambique

Segundo uma nota do Banco de Portugal, editada por mim, “no decurso dos anos 60 do Séc XX, o banco português Totta-Aliança (Totta e Açores após a fusão com o Banco Lisboa e Açores em 1969), que era o braço financeiro da Companhia União Fabril (a CUF era o principal grupo industrial português, detido pelos Mello) expandiu-se para os então territórios ultramarinos e participou na criação de duas entidades, numa parceria com o Standard Bank of South Africa: o Banco Standard Totta de Moçambique, com sede em Lourenço Marques, e o Banco Totta Standard de Angola, com sede em Luanda.

Anúncio do Totta Aliança a comunicar a abertura do seu escritório em Londres, Junho de 1969, onde menciona o Standard Totta e o Totta Standard. Antes do fim do ano, surgia o Totta & Açores.

No caso moçambicano, com o Decreto nº 47065, de 30 de junho de 1966 (Diário do Governo, I série, do mesmo dia), foi autorizada a constituição e exercício na província de Moçambique do Banco Standard Totta de Moçambique, constituído juridicamente como sociedade anónima de responsabilidade limitada. O Banco Totta-Aliança contou com o apoio do The Standard Bank of South Africa, Limited, com quem estabeleceu uma aliança, conforme foi referido.

Ou seja, efectivamente, em 1966 o Standard Bank converteu-se no BSTM e os seus activos foram incorporados na nova entidade. Assim, no dia 29 de Agosto de 1966 as duas Agências do Standard Bank Limited, a de Lourenço Marques (a sua veneranda sede na agora Rua 10 de Novembro, nº 420) e da Beira, passaram para o património do novo Banco.

Os novos estatutos do BSTM foram publicados em Diário do Governo, III série, de 04 de julho de 1966. Segundo estes, a instituição tinha a sua sede em Lourenço Marques, estando autorizada a estabelecer as dependências, agências, sucursais ou outro tipo de representação que entendesse. O objeto social do Banco Standard Totta de Moçambique era o exercício da atividade bancária, com o competente comércio de câmbios, e a realização continuada e regular de operações de crédito a médio e longo prazo. Foi estabelecido com o capital inicial de 75.000 contos, subscrito por 150.000 ações com o valor nominal de 500$00, cada.

Cheque do BSTM com o novo logotipo.

O banco prestou um relevante apoio aos sectores agrícola e industrial de Moçambique.

Reflectindo o crescimento impressionante da economia – uma média anual de 8%, ano após ano – o crescimento da instituição foi notório. Em 1968, para além da sede na Rua Consiglieri Pedroso e de duas dependências instaladas em Lourenço Marques, o banco detinha já uma importante rede de balcões: na Beira, onde estava uma filial, e agências em António Enes, Luabo, Marromeu, Nacala, Nampula, Ilha de Moçambique, Quelimane, Tete e Vila de Nova Lusitânia.

Com o aumento dos negócios, o banco aumentou o capital social. Assim, em Julho de 1968 foi requerido o aumento do capital social para 112.500 contos.

Em 17 de setembro de 1968, o Banco Totta-Aliança vendeu 10% da sua participação ao Banco Fonsecas & Burnay.

Anúncio do BSTM, final dos anos 60, com o novo logotipo e lema.

A revolução de Abril de 1974 em Portugal trouxe uma alteração na conjuntura política interna do país. Em meados de 1975, após a independência da província de Moçambique, usando a estrutura do BNU, foi criado o Banco de Moçambique, como banco emissor. Em 1977, o governo moçambicano nacionalizou quase todos os bancos que operavam no território, incorporando-os no Banco de Moçambique.

Decidiu, contudo, que o Banco Standard Totta de Moçambique permanecesse privado.

Porquê?

O BSTM Privado Numa Economia Comunista

Parte da resposta está contida num estudo de Anne Pitcher:

“A longevidade do BSTM tem que ver com a sua base de capital, em comparação com a dos outros bancos privados que operavam em Moçambique na época da revolução em 1974. Enquanto que a maioria dos bancos eram filiais de bancos metropolitanos sediados em Portugal, o BSTM era o único banco em Moçambique onde cerca de 15% das acções pertenciam a interesses sediados em Moçambique, pelo que uma parte do capital do banco (que era a maior de todas as empresas do país) era nacional. Assim, o carácter mais nacional do BSTM pode ter levado o governo a tratá-lo de modo mais favorável.

Em segundo lugar, enquanto cerca de 40% do capital do banco era português, 30% era britânico e 10% sul-africano (com 5% a pertencerem ao Standard Bank da África do Sul e 5% a investidores anglo-americanos). De acordo com uma das fontes consultadas, «em Pretória, o governo sul-africano avisou claramente que cortaria todas as ligações económicas com Moçambique caso alguma das empresas sul-africanas fosse nacionalizada».

Uma vez que Moçambique continuava a depender das receitas da África do Sul nas áreas do comércio de trânsito e da mão-de-obra migrante, o novo governo moçambicano levou a sério a advertência sul-africana. O BSTM e os investimentos anglo-americanos não foram nacionalizados.

(Mesmo assim, o Standard Bank da África do Sul reduziu o seu capital no BSTM de 5% para 0.72%, ficando os portugueses a assegurar a operação).

Em terceiro lugar, diversos funcionários do BSTM decidiram permanecer no país. De acordo com um antigo director do BSTM, António Galamba, enquanto muitos outros directores e altos quadros dos bancos abandonaram o país, a sua determinação de permanecer em Moçambique, não obstante as ofensas e maus tratos, ajudou a evitar o encerramento do banco.

E, finalmente, a maioria dos outros bancos eram inteiramente portugueses e filiais de grupos industriais-financeiros oligopolistas que dominavam a economia portuguesa. Em Moçambique, estas ramificações metropolitanas, como o Banco Pinto & Sotto Maior e o Banco de Fomento Nacional, tinham realizado maus investimentos numa série de empresas mesmo antes do fim do período colonial. Em consequência, esses bancos estavam endividados e não conseguiam pagar o dinheiro dos depositantes, tendo falhado todas as suas intenções e propósitos.

Para complicar a situação, no seguimento da revolução, em 1975 o governo português nacionalizara os activos dos grupos industriais-financeiros em Portugal, abrindo mão dos bancos e das empresas em que aqueles tinham investido em Moçambique. Forçado a intervir com empréstimos e apoio técnico para manter em funcionamento empresas como a Maragra (açúcar), a Química Geral, a Mobeira (uma fábrica de farinha na Beira) e a Companhia dos Cimentos
de Moçambique, o governo moçambicano censurou o governo português pela sua negligência durante uma série de conversações entre os dois governos em 1977-1978.

Por volta de 1978, o governo português começou a inverter a sua política de nacionalizações e a devolver os bancos e empresas ao sector privado, esperando que o governo de Moçambique indemnizasse os proprietários das empresas intervencionadas e devolvesse o dinheiro aos depositantes dos bancos falidos.

O governo moçambicano respondeu com o encerramento ou a fusão de todos os bancos, transferindo os depósitos para o Banco de Moçambique, nacionalizando as empresas e recusando-se a pagar quaisquer indemnizações. Excepto o BSTM, que foi poupado.

Os vinte anos que se seguiram foram um verdadeiro desafio para o BSTM, na realidade o único banco em Moçambique que – “mais ou menos” – funcionava como um banco. Isto num contexto de guerra, de algum caos económico e de uma situação financeira nacional extremamente débil.

O Renascer das Cinzas

Em meados da década de 1990, iniciou-se uma lenta recuperação da economia. Na área financeira, ocorreram mudanças significativas. Em 1995, o português BCP, com o apoio da International Finance Corporation (IFC) e de Mário Machungo, abriu o Banco Internacional de Moçambique. O português BPI, que tinha acabado de adquirir o Banco de Fomento Exterior, que tinha uma pequena delegação ao pé do Hotel Polana (creio que um escritório de representação), investiu na sua expansão. Um grupo de investidores em que participava o ex-ministro Magid Osman, abriu o Banco do Comércio e Indústria (supostamente, a contribuição inicial de Magid fora o antigo espaço da antiga e famosa Pastelaria Pigalle na 24 de Julho). Talvez mais importante, o Fundo Monetário Internacional, cujo “apoio musculado” se fazia sentir em Maputo, pressionou o Banco de Moçambique para especializar as suas funções enquanto banco central e regulador, separando a actividade bancária propriamente dita. Dessa orientação resultou a criação do Banco Comercial de Moçambique (BCM), que, juntamente com o Banco Popular de Desenvolvimento, seriam alienados um pouxo à tôa, o primeiro a António Simões, um português (que de seguida venderia a sua participação ao Banco Mello, junto do qual tinha dívidas) e o segundo ao Southern Bank Berhad (SBB), uma entidade da Malásia de duvidosa memória, que mudou o nome do banco para Austral.

Em 1996, o Banco Totta & Açores alienou ao Standard Bank sul-africano uma quota de quase 40% do capital social do BSTM, passando este a deter 40.72% do capital social do Banco.

2004 e o Futuro

Em 2004, após a aquisição do Banco Totta & Açores em Portugal pelo Grupo Santander, 55,2858% do capital e dos direitos de voto do Banco Standard Totta de Moçambique foi vendido pelos espanhóis à Stanbic Africa Holdings Limited, uma subsidiária do grupo Standard Bank, que assim passou a deter 96% do capital do banco moçambicano. Os espanhóis, que não conheciam África, não queriam riscos africanos nos seus balanços.

Com esta venda, o grupo financeiro luso-espanhol saiu, definitivamente do capital do Banco Standard Totta de Moçambique, que entretanto adoptou a designação de Standard Bank Moçambique, mantendo-se até hoje em actividade.

A re-entrada do Standard Bank em Moçambique reforçou a investida do grande capital financeiro sul-africano em Moçambique, juntamente com a compra (por um dólar) pelo ABSA/Barclays do antigo BPD/Austral, a compra da maioria do capital do Banco de Desenvolvimento e Comércio (BDC) pelo First National Bank of South Africa FNB) em 2007 e a mais recente aquisição da maioria do capital do Banco Único pelo Nedbank (com uma participação relevante da Visabeira e da Corticeira Amorim).

A actual sede do Standard Bank na capital moçambicana, numa ponta do Aterro da Maxaquene, no início da estrada marginal entre a antiga Fazenda e o Zambi. O terreno foi comprado ao pintor Naguib, que ali tinha uma concessão “cultural”, que antes era….a Casa do Minho em Lourenço Marques, e um jardim público.

O Balcão do Standard Bank na Beira, onde tudo começou em Moçambique, na actualidade.

Com o capital português crescentemente focalizado nas suas contas, rácios e riscos em Portugal e cada vez mais desinteressado em Moçambique, falta ainda decidir o futuro do BIM (associado ao BCP) e do BCI (associado ao consórcio BPI-Caixa Geral de Depósitos).

15/09/2019

A RUA ARAÚJO E O TEATRO VARIETÁ EM LOURENÇO MARQUES, 1927

Imagem retocada, a partir de uma das imagens do Volume 1 dos álbuns de José dos Santos Rufino.

O Varietá foi uma das primeiras casas de òpera em África (depois de Cairo e de, penso….Port Elizabeth), existiu entre cerca de 1910 e 1968, quando foi demolido para dar lugar aos mais modernos, comerciais e pirosos Estúdio 222 e Cinema Dicca. Após a mudança de regime, os imóveis foram confiscados pela Frelimo e actualmente parece que são a propriedade apetitosa do carismático empresário-ex-político e artista Gilberto Mendes.

Coloquei esta imagem para memorializar o facto de que, cem anos depois, segundo as notícias, ontem, 14 de Setembro de 2019, estreou em Maputo a primeira….ópera moçambicana. Sobre a qual não sei nada.

 

O Teatro Varietá na entrada da Rua Araújo, 1927, logo a seguir à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho) que não se vê bem aqui. Mas vê-se, topo direita, o telhado do Capitania Building, que existiu no extremo da Praça, ao lado das ruínas do Presídio,. No topo do lado esquerdo, vê-se a Ponta Vermelha e, logo abaixo, o telhado do Bank of Africa, que ficava na rua imediatamente a Norte das ruínas do Presídio.

09/05/2019

O PRESÍDIO DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DOS SÉCS. XX E XXI

Imagens retocadas.

 

O Presídio de Lourenço Marques, também conhecido como Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, início do Século XX.

 

A mesma imagem, anotada. Notas: 1) Parte Sul da Praça Mouzinho de Albuquerque, mais tarde Praça 7 de Março e actualmente Praça 25 de Junho; 2) Igreja Paroquial de Lourenço Marques, implantada no mesmo local onde fica a antiga sede do Rádio Clube de Moçambique; 3) a entrada principal do Presídio de Lourenço Marques (ou “Fortaleza” de N.S. da Conceição”); 4) fachada principal do Bank of Africa, que ficava mesmo atrás do Presídio; 5) Parte Sul do Presídio, posteriormente os aterros aqui feitos, que avançaram o terreno para Sul uns 100 metros, enterraram esta muralha e ali fez-se uma muralha “fictícia” na década de 1940 para dar o ar de “forte” que se vê hoje (obra do arquitecto Pancho Guedes); 6) margem Norte da Baía do Espírito Santo.

 

O Presídio fica mesmo à esquerda da casinha que se vê no lado esquerdo desta imagem do início do Séc. XX. Ao fundo, vê-se a Ponta Vermelha.

 

Imagem tirada duma varanda do Capitania Building, cerca do início do Séc.XX, mostrando, à direita, a “nova” ponta Sul da Praça 7 de Março, ajardinada, e, em frente e à esquerda, os novos aterros onde se fizeram as duas ruas em frente, o porto e, ao fundo, a primeira estação ferroviária de Lourenço Marques.

 

Vista aérea da Baixa de Lourenço Marques nos anos 50. Veja-se o antigo Presídio, agora recuado das águas da Baía e já na sua versão “Hollywood”. Para uma melhor contextualização, ver o mapa em baixo.

 

Mapa que copiei (e pintei) dum estudo dum académico sul-africano, sobrepondo o núcleo original do que era a Vila de Lourenço Marques, com o traçado posterior do que veio a ser a capital de Moçambique.  A parte em castanho era a parte “continental” de terra firme. A parte em verde era o anterior pântano (e praia) em redor da “ilha”, posteriormente aterrado. A “ilha” está pintada em amarelo. A parte pintada a azul mostra onde ficava a margem da Baía, a maior parte da qual, nesta zona, foi posteriormente aterrada também. Dentro da “ilha” e a Sul, pode-se ver o quadrado pintado a preto saliente e que indica a localização do Presídio.

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