14/09/2021
CARREGADOR DE CARVÃO NO PORTO DE LOURENÇO MARQUES, CA. 1946
Imagem de Constance Stuart Larrabee, norte-americana, tirada no Porto de Lourenço Marques cerca de 1946 e retocada por mim.
13/09/2021
EXPEDIÇÃO NA ZAMBÉZIA, INÍCIO DO SÉC. XX
Postal de Spanos e Tsitsias, retocado.
No fim do Século XIX e início do Século XX,, exceptuando os (muito) poucos centros urbanos coloniais mais estabelecidos, como a Ilha de Moçambique, o Ibo, a Beira e Lourenço Marques, praticamente não havia estradas em Moçambique, no sentido em que se entende o termo actualmente. Quando muito, havia uns caminhos de areia, conquistados ao mato à pazada e com enxadas. Comboios, só as duas linhas Lourenço Marques- Transvaal e Beira-Rodésia do Sul.
A maioria dos futuros moçambicanos, cerca de 3 milhões de almas, vivia no mato e nas costas, da agricultura, pastoreio, caça e pesca.
A ausência de estradas significava que, para o resto da nova colónia, que era quase tudo o resto, as pessoas e os bens moviam-se essencialmente de barco (quando na costa), a pé, com carregadores, e, de burro e, mais raramente, em carroças de bois, e isto só nas zonas em que não havia a mosca tsé-tsé. E quando tocava a atravessar cursos de água, as pessoas tinham que entrar na água e molhar-se – ou, alternativamente, recorriam aos serviços de machileiros, comuns nas deslocações dos poucos europeus que se venturavam para além da costa e que raramente tinham estaleca para aguentar as doenças, os intermináveis percursos e o clima inclemente (a taxa de mortalidade dos europeus em Moçambique era assustadora face aos padrões actuais).
Na imagem em cima, se o Exmo. Leitor prestar atenção, à frente há dois homens com chapéus contendo a sigla “CL”, significando a Companhia do Luabo. Luabo era uma localidade situada a sudeste de Quelimane e durante muitos anos foi um prazo. Por esta altura a CL era uma empresa privada.
Mas o que é que se passava nesta região da Zambézia por estas alturas? Sem dinheiro mas tendo que fazer alguma coisa para “colonizar”, o governo de Portugal alugava a maior parte da sua colónia a estrangeiros.
Na sua obra A Configuração da Estrutura Económica de Manica e Sofala e Processos de Resistência à Colonização, às tantas a autora, Janete Cravino, escreveu o seguinte:
O processo de ocupação e exploração económica, no período da colonização, era uma forma de implantação da soberania portuguesa em pontos onde o seu domínio era apenas nominal. Desse modo, a clara ameaça britânica, através do seu representante Cecil Rhodes (1890), em ocupar certas regiões com potenciais riquezas mineiras e agrícolas, tornava-se injustificada, a não ser que fosse pela força.
No centro do país, os complexos de açúcar surgiram em 1890 com a criação da Companhia de Açúcar de Moçambique, fundada em Mopeia por John Peter Hormung. O seu primeiro trabalho consistiria em transformar a produção de ópio, detida pela Mozambique Opium Cultivating and Trading Company (1877), em plantações de açúcar.
Com a ampliação do território da Companhia, em 1900, funda-se a Sociedade Açucareira da África Oriental Portuguesa, empresa constituída por capitais franceses e da qual nasceria a primeira fábrica açucareira em Marromeu, que, posteriormente, expandiria as actividades para Caia.
A Companhia do Búzi (originalmente Companhia Colonial do Búzi) teria sido fundada em 1898, por contrato entre a firma portuguesa Arriaga em Comandita e a Companhia de Moçambique que, na altura, tinha poderes majestáticos sobre o território de Manica e Sofala. Para além da agro-indústria do açúcar, a Companhia do Búzi tinha interesses nas áreas da agro-indústria, do algodão, da pecuária, da exploração madeireira, da construção naval e do fabrico de sal, conforme estipulado no artigo 10 da sua carta constitutiva.
Em 1904 surgiu a Sena Sugar Factory e, em 1905, o processo de expansão daquela, inicia-se com a expropriação dos camponeses. Em 1909, John Hornung assumiu o controle da Companhia do Luabo com todas as suas terras, tendo assinado um acordo com Paiva de Andrada, como subarrendatário dos prazos Luabo, Marral e da Companhia Assucareira de Marromeu.
A estes juntar-se-iam os prazos de Maganja d’Aquém Chire e Charre, e em 1913, o prazo Angónia como região de abastecimento de força de trabalho.
Em 1920 procede-se à fusão de todas as terras da antiga Companhia do Luabo, da Sena Sugar Factory, da Companhia de Assucar de Moçambique e da Companhia Assucareira de Marromeu. Deste alargamento surge, a Sena Sugar Estates, Ltd, com as suas plantações e instalações fabris em Luabo e em Marromeu.
(…)
A produção do açúcar da fábrica de Marromeu aumentou regularmente até à década de 70. Foi com base nas tecnologias introduzidas que, em 1972, a Sena Sugar Estates alcançou a sua maior produção de sempre, na ordem das 153.000 toneladas de açúcar, das quais, 77.850 foram produzidas pela fábrica de Marromeu e 75.150 pela fábrica de Luabo.
(…)
Em 10 de Agosto de 1978, a Sena Sugar Estates é nacionalizada, quando tinha um efectivo de 12.000 trabalhadores na fábrica de Luabo e 13.000 na de Marromeu.
Em 1985 deu-se a paralisação das duas fábricas da Sena Sugar Estates, devido ao efeito alargado da guerra civil, que afectava, não só, a estrutura social do distrito de Marromeu e Luabo, como, também, não permitia o escoamento do produto da fábrica para outras províncias e para o exterior.
08/09/2021
06/09/2021
PONTE SOBRE O RIO REVUÉ, 1903
Imagem retocada.
O Rio Revué nasce a Leste da Serra do Vumba, junto à fronteira com o Zimbabué (a antiga Rodésia do Sul) e, a seguir à monumental barragem e central hidroeléctrica da Chicamba Real (que fica a 30 kms a Oeste de Chimoio, ou a antiga Vila Pery), desce Manica numa direcção sudeste até entrar em Sofala, altura em que segue em direcção Leste até desaguar no Canal de Moçambique, mesmo a Sul da Baía a norte da qual se situa a Beira . As suas águas dão de beber a vários municípios na região por onde passa e ainda à Beira.
Ao longo da administração portuguesa de Moçambique, o rio foi alvo de vários estudos técnico-científicos. Mais recentemente, as actuais autoridades confrontam-se com desafios sérios relacionados com a poluição química do rio pelos chamados garimpeiros de ouro informais e ainda por parte de várias empresas mineradoras, que ameaçam o fornecimento de água para a agricultura, água potável para os habitantes da região e estão a dar cabo daquilo tudo.
04/09/2021
03/09/2021
A CHAVE DA CIDADE DE LOURENÇO MARQUES
Imagem retocada.
Penso que lá nos tempos a Câmara tinha um caixote cheio destas chaves pois cada vez que aparecia alguém a visitar a Cidade oficialmente, levava uma. Nunca falhava.
A VALSA DO PROFESSOR QUEIRÓS EM LOURENÇO MARQUES, 1977
Imagem retocada. Grato a MP.
Tenho as melhores memórias das aulas que tive em educação musical e dos professores e penitencio-me por não ter levado mais a sério essas aulas, talvez por distracção e porque tinha uma voz quiçá menos adequada. Porque, aos 61 anos de idade e retrospectivamente, a música comprovou ser dos raros, únicos, verdadeiros e duradouros prazeres que levarei desta vida. Inesquecível foi o dia em que me sentei numa aula, num auditório do liceu Salazar, no final de 1973, e inesperadamente escutei uma colega minha e outro colega, com tonalidades perfeitas, a cantarem esta canção do musical “Jesus Christ Superstar” (que a censura tinha deixado passar em Moçambique), em inglês. Foi uma coisa do outro mundo:
José Queirós, que acho que não conheci, foi um professor de educação musical no Liceu Salazar em Lourenço Marques que logrou permanecer em Moçambique até uns anos após 1975, já o estabelecimento se passara a chamar Escola Secundária Josina Machel (por uns meses na chamada Transição se designou Liceu 5 de Outubro, para não ferir as espécies). A jovem Mónica foi então sua aluna na 6ª classe em 1975-76, e teve algumas aulas particulares de piano em casa dele, por pouco tempo, em 1976-77. Durante alguns meses a jovem tentou aprender a tocar piano com o prof Queirós mas atendendo à sua falta de jeito e pouca dedicação, um dia, simpaticamente, ele aconselhou-a a desistir do esforço, assim “poupando dinheiro ao pai” e ofereceu-lhe num papel a música em baixo como despedida. Talvez a música seja de 1977. Ele morreu pouco tempo depois.
02/09/2021
BILHETE DE IDENTIDADE DO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, 1947-50
Imagens retocadas. Muito grato a MP.
Este documento indicia algo que eu não sabia. O Liceu Salazar que todos conhecem (hoje Escola Secundária Josina Machel) foi inaugurado em 1952. Antes disso, o liceu antigo da Cidade ficava situado directamente atrás deste liceu e durante muitos anos se chamava Liceu 5 de Outubro (ver em baixo). Mas pelos vistos já em 1947 ele se designava Salazar.
PASSE DO MACHIMBOMBO EM LOURENÇO MARQUES, 1943
Imagens retocadas, muito grato a MP.