THE DELAGOA BAY WORLD

21/04/2024

ANÚNCIO DO REFRIGERANTE TOMBAZANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

A Tombazana era um refrigerante vagamente parecido com a Vimto, comercializado pela Fábrica de Cervejas da Reunidas. O termo “tombazana” penso que se refere a uma mulher negra. Não faço ideia de onde veio a ideia de dar este nome a este refrigerante, que tenho a vaga ideia de em certa fase ter sido produzido numa fábrica no Xai-Xai. Era um dos meus favoritos.

Anúncio da Tombazana.

04/12/2023

O ANÚNCIO DA FÁBRICA DE CERVEJAS REUNIDAS EM LOURENÇO MARQUES EM 1940 E A NOVA SIMBOLOGIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA EM 2023

A primeira imagem, retocada e colorida, de um esboço publicitário a lápis, para publicar em revistas e jornais, alusivo aos oito séculos da fundação de Portugal (1140-1940), encomendado pela empresa, «Fábricas de Cerveja Reunidas de Lourenço Marques». Idealizado e criado por António Cruz Caldas. A gravura, a preto e branco, pode ser vista AQUI. O documento original está depositado nos arquivos da Câmara Municipal do Porto.

Como no restante império, Lourenço Marques celebrou de forma efusiva os chamados Duplos Centenários, o da independência de Portugal em 1140 e a restauração da independência em 1640, no caso da capital de Moçambique um pouco mais cedo, para coincidir com a histórica viagem do Marechal Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951) a Moçambique, que aconteceu em Agosto de 1939, a escassos dias antes do ataque de Hitler à Polónia, que iniciou a II Guerra Mundial. Para a ocasião, a pequena capital moçambicana engalanou-se e levou a cabo várias celebrações, a que se associaram, naturalmente, as empresas locais. No entanto, não tenho registo desta imagem ter sido usada.

Em 1940, o estilo patriótico exaltado estava muito na moda.

Independentemente do grau do patriotismo dos cidadãos, e da forma como o manifestam, esta dialéctica gráfica entretanto fez uma volta de 180 graus, numa altura em que, sob a égide do demissionário partido Socialista de António Costa, o número de imigrantes residentes duplicou em 10 anos e vindos das proveniências anteriormente mais improváveis (vi na televisão que na pequena cidade alentejana de Odemira vivem neste momento sete mil -sete mil – imigrantes maioritariamente Sikhs, oriundos da Índia, que são mais que os anteriores residentes “originários”). Como corolário desta evolução, talvez para acomodar o Novo Portugal, o governo português esta semana anunciou ter alterado o seu logotipo, que custou a ninharia de 74 mil euros, encomendado a – surpresa – a Eduardo Aires, professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, ou seja, como António Cruz Caldas, também um criativo do Porto:

Os símbolos do governo central. Esta “coisa” em baixo, que aprece a bandeira italiana com um borrão amarelo no meio, é suposta representar o Novo Portugal e, segundo o comunicado do governo, “trazer sofisticação à bandeira nacional e torná-la mais inclusiva, plural e laica. Os Sikhs de Odemira (e a breve trecho cidadãos portugueses) e o milhão de pessoas que se espera entrem pelas fronteiras nos próximos anos, agradecem.

Segundo a peça que li, “o Governo português reformulou a sua imagem institucional, revelando uma bandeira de Portugal simples, geométrica e privada da esfera armilar e do escudo. O novo ícone é composto por dois retângulos, um verde e um vermelho, separados por um círculo amarelo, com o objetivo de trazer sofisticação à bandeira nacional e torná-la mais “inclusiva, plural e laica”.

Gonçalo de Sousa, um oponente da medida, comentou: “o governo retirou do seu símbolo oficial a esfera armilar, as quinas e os castelos conquistados aos mouros. Agora temos esta palhaçada feita no Paint para “combater a discriminação”. Portugal não tem de ter vergonha dos Descobrimentos e da sua história. Tem de ter orgulho.”

O debate prossegue.

19/08/2021

RÓTULO DA CERVEJA LAURENTINA, ANOS 60

Imagem retocada.

“Laurentina” significa “nascida em Lourenço Marques”. Que também poderia ser um “Coca-Cola” ou Lourenço-Marquino.

15/06/2021

A FÁBRICA DA REUNIDAS NO XAI-XAI, ANOS 60

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está a constituir num registo fotográfico.

 

rfmmg 20210613 fabrica da reunidas no xai xai

Interior da Fábrica da Reunidas em Xai-Xai, anos 60. Aqui estão a engarrafar sodas e sei que aqui também se engarrafava a Tombazana e o Vimto. Pouca gente sabe que a água doce na zona do Xai-Xai  e Bilene era (é?)de excepcional qualidade, quase tão boa como a da Namaacha – mas ainda não comparada com a água do Monte Vumba, que é das melhores do mundo.

 

RFMMG 20210615 REUNIDAS EM XAI XAI 1962

Da rua, cidadãos observam as operações de engarrafamento em Xai-Xai.

23/05/2021

MANUEL MARTINS GOMES: SINOPSE DE UMA VIDA

Grato a M J Gomes, filha de Manuel Martins Gomes, pelos dados e imagens que ilustram este esboço biográfico, bem como todas as excelentes imagens que podem ser vistas premindo no seu nome no índice deste blogue.

Manuel Martins Gomes nasceu no dia 4 de Junho de 1920, em Murça, no Norte de Portugal, o quinto de onze irmãos, em que 4 irmãos eram mais velhos e seis meio-irmãos mais novos. Foi um acaso nascer naquela localidade, já que todos os seus irmãos nasceram e nasceriam no Brasil e em Angola. Com apenas um mês de idade, a Família veio viver para Lisboa. Ali morou o jovem Manuel durante a sua infância e adolescência, numa casa na Avenida da República. Por algumas questões familiares, o jovem Manuel não completou o liceu e começou a trabalhar logo a seguir a deixar a escola, o que na altura não era incomum.

Ali assistiu ao fim da I República, à Ditadura e ao nascer do Estado Novo.

Autodidacta notório, aprendeu tudo a fazer. E aprendeu a falar inglês e francês sózinho.

Em 1939, a II Guerra Mundial prestes a eclodir, então com 19 anos de idade, Manuel começou a trabalhar como escriturário na firma Manuel Pereira Júnior, agentes de navegação e transitários, tendo, em meados de 1940 sido colocado nos serviços de Trânsitos Internacionais em ligação directa com os transitários suíços Jacky, Maeder & C.º e H. Ritschard, Lda. para os contactos consulares, licenciamento e obtenção de praças nas Companhias e Agências de Navegação.

Finda a II Guerra Mundial e não se justificando a existência daquele departamento e a representação das firmas citadas, foi transferido para o expediente geral da firma, a qual naquela altura atravessava uma tremenda crise.

Este facto deu origem a ter que procurar trabalho noutra empresa que lhe desse melhores garantias para o futuro. Assim, em Maio de 1946, passou a desempenhar as funções de Inspector de Vendas da fábrica de bolachas e chocolates A Favorita Ltda., em Lisboa.

Nota de despesa do depósito da Favorita no Porto, anos 30-40.

A partir de 1949 iniciou a prospecção e estudo dos mercados de Angola e Moçambique para aquela indústria alimentar, procedendo à nomeação de agentes e nos anos seguintes o seu controlo, apoio e correcções.

Em fins de 1957, já com 37 anos de idade, foi convidado para ir trabalhar em Moçambique como Director da Companhia Vidreira de Moçambique, convite feito pelos membros de Conselho de Administração daquela Companhia que também o eram na Sociedade Central de Cervejas (SCC).

A Praça Mouzinho em Lourenço Marques, à noite.

Já em Lourenço Marques, tomou posse na Companhia Vidreira em Junho de 1958.

No interior da Companhia Vidreira de Moçambique, cerca de 1965 (foto MMG).

Quando em 1960 a Companhia de Iniciativas Económicas de Moçambique, SARL – constituída quase na totalidade por pessoas ou sociedades ligadas à SCC – adquiriu a posição de F. Dicca, Lda. (50%) nas Fábricas de Cerveja Reunidas de Moçambique, Ltd, foi convidado para ser Director da Distribuidora, Lda., sociedade esta que procedia à distribuição e venda dos produtos SCC para todo o território de Moçambique assim como à exportação.

O produto-estrela da Distribuidora, a cerveja Laurentina.

Aceite o convite, desempenhou o cargo durante o primeiro ano em acumulação com o de director da Companhia Vidreira, situação que não se podia prolongar por muito mais tempo devido ao facto de nessa altura estar-se a iniciar a reestruturação da Distribuidora.

Com a constituição em Outubro de 1973 da “holding” SOGERE – Sociedade Geral de Cervejas e Refrigerantes – na realidade a fusão das Fábricas de Cerveja Reunidas e da Companhia de Cervejas e Refrigerantes Mac- Mahon, passou a ser Vogal do Conselho de Administração da Mac-Mahon Comercial, Ltda., cumulativamente com o cargo de Director.

Manuel na sala de visitas da sua casa em Lourenço Marques, segunda metade da década de 1960 (foto MMG).

A Mac-Mahon Comercial tinha funções idênticas às da antiga Distribuidora, com a qual aliás concorre, e da mesma maneira procede à distribuição e venda da gama de produtos que eram engarrafados anteriormente pela Companhia de Cervejas e Refrigerantes Mac-Mahon, para todo o território de Moçambique.

Da esquerda: Manuel, Martins Gomes; o empresário Carlos Martins (que entre outros negócios construiu e liderou a seguradora Nauticus, incluindo a construção do Prédio Nauticus na Baixa de Lourenço Marques e partiipou na criação da Canada Dry em Moçambique), penso que o filho do lendário empresário grego Manuel Cretikos e mais um executivo cujos nome ainda tenho que descobrir (foto MMG).

Tendo Lourenço Marques como sua base, e usufruindo dos frutos do seu sucesso, Manuel viajou por todo o mundo, visitando países nas Américas, na Europa, Ásia, Austrália.

A Baixa de Lisboa, 1970 (foto MMG).
Praia na Cidade do Rio de Janeiro, 1960 (foto MMG) .
Manuel em frente ao Parténon, Atenas, Grécia, meados dos anos 60 (foto MMG) .

A Ilha de Manhattan vista de Brooklynn, Estados Unidos da América (foto MMG) .
Algures entre a Austrália e Timor, anos 60 (foto MMG) . Manuel visitou ambas.

Tendo ainda um refinado gosto pelas artes, as letras e a fotografia, na Cidade, culto, convivial e bom conversador, convivia com muita gente, incluindo alguma da elite económica e cultural da Cidade, que incluiu nomes tais como Maluda, Cargaleiro, João Ayres, Maria João Seixas, João Raposo Magalhães (Jana), as famílias Salema, Rocheta, Noronha, Corsini, Benini, Dieckman, Lynar, Barbosa, Buldini, Cunha, Levi, Palma Sequeira, Claro, Simões de Almeida, etc.

Maluda, fotografada por Manuel, anos 60 (foto MMG) .

Manuel, pintura de Maluda, 1 de 2 (foto MJG) .

Manuel, pintura de Maluda, 2 de 2 (foto MJG) .

Em meados de Janeiro de 1974, casou em Lourenço Marques, com uma jovem de 27 anos que conhecera num cruzeiro no México e por quem se apaixonara.

Entretanto, em final de Abril de 1974, ocorre um golpe de Estado militar em Portugal e, uns meses depois, é assinado na Zâmbia um acordo entre o Estado português e a Frente de Libertação para a independência do então Estado de Moçambique, para dali a nove meses, com a tomada de posse imediata de um governo controlado pela Frente. Entretanto, a sua jovem mulher, já grávida, viajou para Lisboa em Agosto, tendo a sua filha Maria José nascido na capital portuguesa em meados de Outubro desse ano.

Uma das formalidades da nova dispensação política foi despachar a estatuária colonial da Cidade. Definitivamente, a parte mais fácil, seguida pelo desmantelamento da economia herdada.

A esquina da Rua Princesa Patrícia com a Avenida Pinheiro Chagas, início de 1975. Em frente a antiga residência do Director do Hospital Miguel Bombarda e à esquerda o edifício dos Serviços de Saúde. Note o exmo. Leitor a pintura alusiva às Forças Populares de Libertação de Moçambique, que estavam a tomar conta da Cidade. À direita, o jacarandá mais bonito da Pinheiro Chagas.

Em princípio de 1975, ainda em Lourenço Marques, Manuel Gomes foi nomeado administrador da SOGERE, cargo que desempenhou, como os outros, até Outubro daquele ano, altura em que, a Frelimo a entrar em força para tomar de assalto o país, nomeadamente intervencionando todas as empresas, decidiu renunciar aos seus mandatos e deixou Moçambique, viajando para Portugal, efectivamente recomeçando a sua vida aos 55 anos de idade.

Võo Lourenço Marques-Lisboa, one way, 1975, serviço na altura assegurado pelos Boeing 747 da TAP. Bie bie Moçambique.

Como muitos na mesma situação, não se queixou: fez pela vida, num Portugal ainda em fase “revolucionária” que só estabilizaria em 1976.

Já em Lisboa, por despacho do Primeiro Ministro de 31 de Maio de 1977, foi nomeado membro da Comissão Administrativa das Fábricas Cergal, Copeja e Imperial, lugar este preenchido até 31 de Dezembro de 1977, data em que, ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 6.º dos Estatutos da Centralcer – Central de Cervejas E.P., foram nomeados os membros do Conselho de Gerência da referida empresa.

Em 19 de Abril de 1978, tomou posse como vogal do novo Conselho de Gerência da Rodoviária Nacional.

Passou ainda pela Cive – Companhia de Indústria Vidreira, pela Finangeste e pela Cimobim. Na Finangeste administrou o Cinema Império, o Palácio do Correio Mor e a Quinta da Fonte Santa (a quinta de férias da Casa do Pessoal do Banco de Portugal), e na Cimobim, como administrador do Centro Comercial Fonte Nova em Lisboa.

Após o que se reformou.

Terá dito que os 18 anos em que viveu em Lourenço Marques foram dos mais felizes da sua vida.

Faleceu em Lisboa há treze anos, em 11 de Maio de 2008, com 88 anos de idade.

E esta era a sua canção favorita:

15/05/2021

EVENTO DAS FÁBRICAS REUNIDAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagens retocadas, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico.

Manuel Martins Gomes esteve profissionalmente ligado às Fábricas Reunidas a maior parte dos 27 anos em que viveu em Moçambique. Em baixo, duas imagens de um evento promocional dos seus produtos, nos arredores de Lourenço Marques.

1 de 2

2 de 2. Do lado esquerdo da fotografia, com chapéu, é o Enrico (Nicky) Benini e do lado direito o António Rocheta, que foi casado com a Graça Salema. Se o Exmo. Leitor conhecer mais alguma das pessoas retratadas nas imagens, por favor escreva uma nota para aqui.

Nicky Benini , um engenheiro agrónomo, presumo que de origem italiana, era o que se chamava em Moçambique pré-independência, um “machambeiro rico” da zona entre Boane e a Moamba, sendo os machambeiros e os criadores de gado entre as pessoas com mais sucesso em termos de negócios. Naquela altura, o negócio hortícula e de citrinos na zona entre Boane e a Moamba era tão, senão mais dinâmico, que o que havia do outro lado da fronteira no Transvaal. Entre outras proezas, Nicky criou a toranja cor de rosa, supostamente melhor que a laranja, sendo conhecido em Moçambique como o “Rei das Laranjas“, por causa das suas plantações de citrinos, muito grandes, que exportava para todo o mundo através do porto de Lourenço Marques. As mais conhecidas eram as Plantações Benini. Quem viajava de carro de Lourenço Marques para a África do Sul, perto da zona de Boane (na altura a estrada para Ressano Garcia e a África do Sul passava pela Matola e Boane) , passava sempre ao lado das suas plantações – do outro lado da estrada, perto do rio Umbelúzi.

29/03/2021

O REGRIGERANTE VIMTO DA REUNIDAS

Filed under: Fábricas Reunidas, Refrigerante Vimto da Reunidas — ABM @ 22:45

Imagens retocadas.

Segundo a Wikipédia, “o refrigerante Vimto foi criado em 1908 na cidade de Manchester, na Inglaterra, por John Noel Nichols (1883-1966), um vendedor de especiarias e medicamentos. Inicialmente, foi vendido sob a designação Vim Tonic, que viria a ser abreviada por Nichols para Vimto em 1912. Originalmente, foi registado como um medicamento, mas viria a ser registado novamente em 1913 como um sumo.

Atualmente, é produzido pela Cott Beverages, nas regiões inglesas de Derbyshire e Yorkshire, em nome da Vimto Soft Drinks, pertencente à Nichols plc. A Nichols retirou-se da produção direta em 2003, ao fechar a sua fábrica em Haydock. O Vimto adquiriu um estatuto de culto entre os consumidores ao celebrar o seu centésimo aniversário em 2008. É também fabricado sob licença na Arábia Saudita e no Iémene.”

Em Moçambique, o Vimto era produzido pelas fábrica Reunidas sob licença da Michols.

Um rótulo de uma garrafa de Vimto da Reunidas.

Tampa de Vimto 1

Tampa de Vimto 2.

07/03/2021

DESFILE MILITAR NA AVENIDA DA REPÚBLICA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 50

Imagem retocada, gentilmente cedida por MJBNMG.

 

Tropa desfilando junto da esquina da Avenida da República com a Avenida Dom Luis I (actualmente Avenida 25 de Setembro com Marechal Samora Machel), anos 50. Aqui pode-se ver a Simal, a loja de Marta da Cruz e Tavares e, ao fundo a fachada da Fábrica Victória.

18/02/2021

ANÚNCIO DA TOMBAZANA, ANOS 60

Filed under: Anúncio de Tombazana Morango, Fábricas Reunidas — ABM @ 19:57

Imagem retocada.

Na altura eu achava que esta era a melhor bebida do mundo, bebida no intervalo grande da manhã na Escola Rebelo da Silva, com uma arrufada.

22/04/2020

ISQUEIRO COM A MARCA DA CERVEJA 2M, ANOS 1960

Foto gentilmente cedida por Jorge de Matos Gomes e retocada.

A 2M, surgida cerca de 1962, e feita na Fábrica Mac-Mahon, foi uma tentativa das Cervejas de Moçambique de destronar o reinado incontestado da Laurentina, criada trinta anos antes em Lourenço Marques, pela mão de George Cretikos, que criou, entre o campo do Ferroviário e a Praça Mac-Mahon, a Fábrica Victoria. Ambas empresas cervejeiras foram nacionalizadas sob a Cervejas de Moçambique (empresa detida pelo estado) após Moçambique passar para o comunismo em 1975. Como no resto do país, e como seria de esperar, aquilo andou tudo aos tombos durante esta fase. Vinte anos depois, o governo, agora convertido ao capitalismo, criou a Cervejas de Moçambique, SARL e pouco depois vendeu as empresas (o que restava delas) ao conglomerado cervejeiro Castel, que a vendeu em 2002 ao conglomerado South African Breweries. Em 2020, as duas marcas ainda são as principais cervejas comercializadas em Moçambique.

Enfim.

Isqueiro com a marca da cerveja 2M, anos 60.

 

 

10/07/2019

ESBOÇO DE ANÚNCIO DA FÁBRICA DE CERVEJAS REUNIDAS EM LOURENÇO MARQUES, 1940

Imagem retocada, de um esboço publicitário a lápis, para publicar em revistas e jornais, alusivo aos oito séculos da fundação de Portugal (1140-1940), encomendado pela empresa, «Fábricas de Cerveja de Lourenço Marques». Idealizado e criado por António Cruz Caldas.

 

O esboço. Uma espécie de Leni Riefenstahl à portuguesa. Não sei se o esboço foi usado.

31/10/2018

LOJAS DE COMÉRCIO NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1971

Grato ao AHM e ao PPT. Foto retocada.

 

Foto tirada da antiga fábrica de Cervejas Reunidas na Baixa, na Avenida General Machado. A rua à direita (Av. Álvares Cabral, na zona do cruzamneto entre a Paiva Manso e a General Machado) era para mim uma das mais fascinantes da Cidade inteira, nos anos 60, pois estava repleta de pequenas lojas de comércio indianas, que vendiam especiarias e artigos diversos, expostos nas montras e em enormes caixas colocadas à entrada das lojas, para uso da (maioritariamente indiano e negra e suburbana) clientela, que diariamente passava neste ponto, onde se situavam as principais rotas de machimbombos para as periferias – Alto-Maé, Xipamanine, Benfica, Machava, etc. As cores, os cheiros e o reboliço eram inesquecíveis.

22/07/2018

AS FÁBRICAS DE CERVEJA REUNIDAS NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1970

Grato ao PPT e ao AHM.

 

As Fábricas de Cerveja Reunidas na Baixa de Lourenço Marques, 1970.

07/03/2018

AS FÁBRICAS DE CERVEJAS REUNIDAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

 

 

O edifício das Fábricas de Cervejas Reunidas na Baixa. Ao fundo pode-se ver parte da estação ferroviária de Lourenço Marques.

10/10/2017

ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DAS FÁBRICAS DE CERVEJA REUNIDAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Filed under: Anúncio Laurentina anos 40, Fábricas Reunidas — ABM @ 23:56

 

Anúncio das cervejas Laurentina e Colonial

09/06/2016

GARRAFA DE CERVEJA LAURENTINA, FÁBRICAS DE CERVEJA REUNIDAS, ANOS 1950

Filed under: Cerveja Laurentina, Fábricas Reunidas — ABM @ 16:13

 

 

Frente.

Frente.

 

Verso.

Verso.

05/06/2012

JORGE VARA E SUZETTE MALOSSO NAS FONTES DE MONTEMOR NA NAMAACHA, 1937

Fotos gentilmente enviadas por Edgar Marques.

 

Suzette Vara (Malosso), então com nove anos de idade, com o pai Jorge Vara junto de uma nascente na Quinta de Montemor na Namaacha, 1937. Jorge Vara era um dos músicos mais antigos do Rádio Clube de Moçambique. Suzette hoje tem 83 anos de idade e reside no Estoril. E lembra-se perfeitamente deste dia.  A quinta era de dois primos direitos, Amadeu Luis Neves e António Rama Marçal, este último tio materno da Suzette. Foi um deles que descobriu as excelentes águas que jorravam na propriedade. Na quinta, que foi dividida, mais tarde fez-se a fábrica da Canada Dry, que mais tarde integrou as Fábricas Reunidas. “Tudo gente muito boa e a água era excelente”, diz a Suzette.

 

Mais uma imagem da Suzette com o pai.

01/05/2012

A HISTÓRIA DA CERVEJA LAURENTINA EM MOÇAMBIQUE

A Cerveja Laurentina traça as suas origens à Fábrica Vitória, propriedade do empresário grego radicado em Lourenço Marquers, George Cretikos. Em 1916, detectando a falta de gêlo para manter fresco o peixe e para alimentar as geleiras de Lourenço Marques, Cretikos abriu na parte poente da cidade uma fábrica de gêlo e de água mineral, denominada Victoria Cold Storage and Ice Factory, Ltd (ver o nome neste blogue no índice sob “empresas”).

Nascida em 1932, a Cerveja Laurentina presta homenagem ao nome original da actual capital de Moçambique – Lourenço Marques – cujos naturais eram chamados Laurentinos (alternativamente, “Coca Colas”. Sobre este tópico, ver neste blogue quando a Coca-Cola foi introduzida em Moçambique e por quem).

A Baixa de Lourenço Marques, tendo em primeiro plano a Avenida da República (actual 25 de Setembro). Mesmo em frente o Café Olímpia (onde hoje se situa a sede do Millenium BIM), a seguir o Bazar, e a estrutura ao fundo com o edifício mais alto, é a Fábrica Vitória, mais tarde Fábricas Reunidas. Era ali que se fabricava a Cerveja Laurentina.

A Fábrica Vitória no final dos anos 1940, fotografia do espólio de José Godinho, do seu pai o grande nadador João Godinho, que tirou a fotografia.

Primeiro produzida na baixa de Lourenço Marques pelas Fábricas Reunidas (resultante da fusão entre a Fábrica Vitória e creio que Nacional) desde há alguns anos que é produzida pela empresa de Moçambique Cervejas de Moçambique (detida pela gigante SAB Miller, por sua vez resultante da privatização da SOGER, a entidade que se seguiu ao confisco da Reunidas na altura da Independência, para as mãos da BGI-Castel) e voltou à concorrência acérrima em relação à outra grande marca de cerveja da área de Maputo, a também detidfa pela SAB Miller 2M (que vem de Mac-Mahon, o presidente francês que em 24 de Julho de 1875 decidiu que o Sul de Moçambique pertencia a Portugal, data que até à Independência era o feriado municipal da capital moçambicana) e a Manica, cerveja tradicionalmente dominante no centro do país.

Rótulo da Laurentina tipo pilsener. Como não percebo nada de cerveja não sei o que é “pilsener”.

 

O rótulo em 1949.

 

O rótulo em 1957.

 

O rótulo em 1962.

Enquanto marca, a Laurentina teve um destino curioso, pois após a proclamação da Independência de Moçambique em meados de 1975, foi produzida durante alguns anos uma cerveja com a mesma designação e imagem mas fora de Moçambique (África do Sul e Alemanha). Miguel Buccellato, do grande clã Buccellato de Lourenço Marques, contou a história em 2004:

“Com a guerra e a pobreza [após a Independência] o diagrama de fabrico foi desrespeitado e foram utilizadas matérias primas fora do espectro água, malte e lúpulo, sendo que a própria água já não seria a mesma. Esta situação manteve-se até há alguns anos atrás em que acabou por desaparecer. 
Ao mesmo tempo, dois empresários em partes diferentes do mundo acharam que a Laurentina ainda tinha futuro e (um em Portugal e outro na África do Sul) e registaram a marca em seu nome. Para que se saiba, nunca antes ninguém (nem mesmo a Reunidas) se tinha sequer lembrado de a registar. 

Em 1994 a marca foi registada em Portugal pelo meu pai, sendo que foi lançada no mercado nacional em Agosto de 1995. Na altura, depois de se ter apresentado o projecto a várias cervejeiras nacionais e internacionais, finalmente se encontrou o parceiro certo, a Karlsberg Brauerei em Homburg na Alemanha. Também por isso, a Laurentina respeitava a Lei da Pureza, que significa ser produzida apenas a partir de água, malte e lúpulo. O canal de vendas em que se apostou foi na moderna distribuição e esteve presente em todas as cadeias relevantes (Continente, Carrefour, Jumbo, Pingo Doce, etc). Pelo seu posicionamento como um produto de qualidade e preço superior, as vendas correram muito bem nos primeiros dois anos, tendo também sido exportada para a África do Sul, onde ainda não estava registada. Ao longo do tempo, e por falta de investimento publicitário, as vendas foram decaindo até chegarem a um ponto que não era compensatório para a empresa. E em Maio de 2001, beberam-se as últimas Laurentinas.

No final da década de 1990, a marca foi, como já disse, registada na África do Sul por Giorgio Pagan e começou a ser produzida pela South African Breweries (que está entre as cinco maiores cervejeiras do mundo). Esta situação manteve-se durante algum tempo tendo até inclusivé sido exportada cerveja para Moçambique. Há cerca de um ano [2003] recebemos duas ou três garrafas de amostra, para testar uma eventual reentrada da Laurentina no mercado nacional. Só que aí o problema mantinha-se, o preço continuava elevado (ainda mais caro do que produzir na Alemanha) e a qualidade não “chegava aos calcanhares” da nossa Laurentina. Hoje sei que a South African Breweries comprou a marca e que a Guiness comprou a SAB e que, portanto, qualquer dia temos um “Gigante” a pegar outra vez na Laurentina cá em Portugal e aí tenho a certeza que pode ganhar uma importante quota de mercado. Posso também dizer que a Laurentina que foi vendida cá, embora fabricada na Alemanha, tinha exactamente o mesmo diagrama de fabrico que era utilizado nos seus anos de ouro em Moçambique, pois o meu bisavô foi Presidente das Fábricas Reunidas.”

Uma garrafa de Laurentina Preta, 2011. Uma marca que ajuda a definir a marca Moçambique no Século XXI.

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