THE DELAGOA BAY WORLD

10/10/2017

O PRIMEIRO NÚMERO DE “O AFRICANO”, PUBLICADO POR JOÃO ALBASINI EM LOURENÇO MARQUES, 1908

João dos Santos Albasini nasceu em Magul em 1876 e faleceu em Lourenço Marques em 1922, com apenas 46 anos de idade. Membro do lendário Clã Albasini, fundado pelo Avô homónimo (1813-1888), fez marca no início da história moderna de Moçambique como um jornalista e escritor, sendo de destacar ter fundado (com o seu irmão José) em 1908 o jornal O Africano, a primeira publicação de imprensa de e para não-brancos em Lourenço Marques(incluindo ser parcialmente escrito na língua Ronga), de breve duração e,  em 1918, o semanário O Brado Africano. Em 1925, postumamente, foi publicado um livro com escritos da sua autoria, chamado O Livro da Dor.

João dos Santos Albasini fundou ainda o Grémio Africano, uma associação com relevância na futura dialética nacionalista em contraposição com o discurso colonial do tipo Portugal uber Alles, mas que inicialmente era essencialmente uma organização de carácter positivista, humanista e com foco na educação e nos “bons costumes” como a chave para a felicidade e a civilização, muito típica  das elites maçónicas de então.

O Número 0 de Africano, com a data da sua publicação, 25 de Dezembro de 1908.

Esta primeira edição de O Africano seguiu-se do primeiro número propriamente dito, que só saiu a 1 de Março de 1909. Num texto interessante de Hohlfeldt, refere o seguinte:

Financeiramente, sabe-se que foi ajudado, desde o início, por um grupo maçônico, de que faziam parte, dentre outros, o capitão Francisco Roque de Aguiar, presidente do Capítulo da instituição; o Dr. Jaime Ribeiro, militante socialista, e José Corrêa da Veiga. A publicação era semanal e foi suspensa poucas semanas depois, reaparecendo em 1912, sob a mesma equipe original, a qual se somou José dos Santos Rufino, como secretário de redação e administrador. O Africano, desde o início, tinha tipografia própria, do próprio João Albasini e de Santos Rufino, que passou a ser seu diretor e editor. 

Para saber mais sobre este assunto, penso ser quase obrigatório ler a recente (2015) obra de Fátima Mendonça e César Braga Pinto, João Albasini e as Luzes de Nwandzengele.

 

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