THE DELAGOA BAY WORLD

12/03/2021

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, ANOS 60

Filed under: Salazar — ABM @ 21:18

Imagem retocada, dos arquivos de Alfredo Pereira de Lima, presente no Volume I do seu monumental História dos Caminhos de Ferro de Moçambique, 1970.

Salazar é a eminência parda da mais recente história colonial portuguesa, essencialmente porque se recusou – não, na verdade nem sequer lhe ocorreu – descolonizar. Por que achava que os nativos não estavam prontos, porque achava que aquilo era “nosso” e porque odiava as duas principais nações que pressionavam pela descolonização: os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. E porque achava que, sem colónias, Portugal seria uma irrelevância internacional.

Salazar morreu em Julho de 1970, tinha eu 10 anos e vivia em Lourenço Marques. Nunca tinha ouvido falar dele, e só a minha Mãe é que me explicou que ele era o chefe do governo português, porque no dia em que ele faleceu o Rádio Clube de Moçambique transmitiu música clássica fúnebre durante horas a fio, o que achei estranho (excepção feita para a LM Radio, que continuava a bombar rock & roll e pop).

Salazar, década de 1960. Nunca visitou Moçambique.

3 comentários »

  1. Caro editor da THE DELAGOA BAY WORLD

    É meu habito ler sempre as suas crónicas a que dou muito valor, porque vivi desde os 5 meses de idade aos quase 40 anos na minha amada terra moçambicana. Tive direito à nacionalidade moçambicana, a que nunca reneguei. Tive a sorte de , no Xai-Xai ouvir o Dr. Eduardo Mondlane dizer: A aculturação tem de ser lenta, começar pelo feiticeiro a quem o chefe vai pedir conselhos. O nosso núcleo familiar é constituído pelo Pai caçador, a Mãe que faz a machamba e as crianças que tomam conta do gado. Não queiram forçar a situação. Depois do feiticeiro, temos de ensinar as crianças a ler, mas ao fim da tarde, quando as tarefas estão concluídas, na língua nativa para que os pais entendam bem o que se passa. vai levar, pelo menos 3 ou 4 gerações. Mas a sede do 25 de abril em fazer a “exemplar descolonização”, tão à pressa e sem olhar a nada nem a ninguém, levou à entrega de um território, quiçá alheio, sem olhar a negros e brancos mistos indianos etc. e seus direitos, a 350 guerrilheiros, mal organizados, sem quadros técnicos que, ao menos, soubessem gerir a fortuna que lhes era entregue. Estavam mal preparados sim, houve muita culpa da administração portuguesa, pode ter havido, mas os meus compatriotas não mereciam o destino que lhes reservaram. Hoje Moçambique tem um punhado de super-ricos, membros da alta esfera da Frelimo e seus apaniguados…e um povo que sobrevive na miséria, não raramente com saudades dos tempos em que tinham condições básicas e pão para darem aos filhos. Sou médica veterinária e, com muita honra foi em Moçambique que me licenciei. Pensei ficar, porém quando comecei a ver a ignorância, o despotismo e a incúria que começou a reinar, tive de abandonar tudo, deixar amigos negros, mulatos, indianos e brancos e partir para uma terra que nada me dizia, mas onde me foi possível criar os meus filhos. Sabe, eu vivi em Moçambique, ouvi falar de Salazar e da Pide, mas como não estava habituada a “cunhas” nem a politiquices pseudo esquerdistas (que se viraram fascistas assim que lhes foi possível) como muitos que conheço, não me adaptei. O tempo há-de clarear a história e as mentiras hão-de ser descobertas.

    Comentar por Virginia Souto — 13/03/2021 @ 22:02

    • Cara Virgínia, agradeço o seu comentário. Muita verdade nele contida. ABM

      Comentar por ABM — 13/03/2021 @ 22:17

  2. Peço desculpa, mas não me identifiquei: Sou Virgínia Fialho Alves

    > Início da mensagem reencaminhada: > > De: Virginia Souto > Assunto: Re: [Novo artigo] ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, ANOS 60 > Data: 13 de março de 2021, 22:02:33 WET > Para: THE DELAGOA BAY WORLD > > Caro editor da THE DELAGOA BAY WORLD > > É meu habito ler sempre as suas crónicas a que dou muito valor, porque vivi desde os 5 meses de idade aos quase 40 anos na minha amada terra moçambicana. > Tive direito à nacionalidade moçambicana, a que nunca reneguei. > Tive a sorte de , no Xai-Xai ouvir o Dr. Eduardo Mondlane dizer: > A aculturação tem de ser lenta, começar pelo feiticeiro a quem o chefe vai pedir conselhos. > O nosso núcleo familiar é constituído pelo Pai caçador, a Mãe que faz a machamba e as crianças que tomam conta do gado. Não queiram forçar a situação. > Depois do feiticeiro, temos de ensinar as crianças a ler, mas ao fim da tarde, quando as tarefas estão concluídas, na língua nativa para que os pais entendam bem o que se passa. > vai levar, pelo menos 3 ou 4 gerações. > Mas a sede do 25 de abril em fazer a “exemplar descolonização”, tão à pressa e sem olhar a nada nem a ninguém, levou à entrega de um território, quiçá alheio, sem olhar a negros e brancos mistos indianos etc. e seus direitos, a 350 guerrilheiros, mal organizados, sem quadros técnicos que, ao menos, soubessem gerir a fortuna que lhes era entregue. > Estavam mal preparados sim, houve muita culpa da administração portuguesa, pode ter havido, mas os meus compatriotas não mereciam o destino que lhes reservaram. > Hoje Moçambique tem um punhado de super-ricos, membros da alta esfera da Frelimo e seus apaniguados…e um povo que sobrevive na miséria, não raramente com saudades dos tempos em que tinham condições básicas e pão para darem aos filhos. > Sou médica veterinária e, com muita honra foi em Moçambique que me licenciei. Pensei ficar, porém quando comecei a ver a ignorância, o despotismo e a incúria que começou a reinar, tive de abandonar tudo, deixar amigos negros, mulatos, indianos e brancos e partir para uma terra que nada me dizia, mas onde me foi possível criar os meus filhos. > Sabe, eu vivi em Moçambique, ouvi falar de Salazar e da Pide, mas como não estava habituada a “cunhas” nem a politiquices pseudo esquerdistas (que se viraram fascistas assim que lhes foi possível) como muitos que conheço, não me adaptei. > O tempo há-de clarear a história e as mentiras hão-de ser descobertas. > >

    Comentar por Virginia Souto — 13/03/2021 @ 22:05


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